A eleição que vai renovar a cúpula do PT, em 2025, é alvo de intensa disputa nos bastidores entre aliados do presidente Lula

A eleição que vai renovar a cúpula do PT, em 2025, é alvo de intensa disputa nos bastidores entre aliados do presidente Lula


A intenção de levar um líder petista do Nordeste para comandar o partido tem sido discutida internamente.

Foto: Divulgação

A intenção de levar um líder petista do Nordeste para comandar o partido tem sido discutida internamente. (Foto: Divulgação)

O círculo mais próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vê chance de prosperar o movimento da ala petista que tenta dar força a um candidato do Nordeste para suceder no comando petista. O argumento mais citado nos gabinetes do Palácio do Planalto é que não há nome no partido que reúne os nove estados da região no partido, além da preferência de Lula em conduzir Edinho Silva ao posto.

Entre os listados, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é visto como tendo maior influência pela natureza de seu trabalho na Câmara, mas o parlamentar pretende buscar uma vaga no Senado no Ceará em 2026. Interlocutores de Lula dizem que o presidente já teria sinalizado ao parlamentar que se tentasse disputar uma eleição majoritária não há como se posicionar como opção de liderança partidária.

Entre os demais petistas nordestinos lembrados por esse grupo estão o senador Humberto Costa (PT-PE) e o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT-PI). A avaliação no Planalto é que estes políticos têm boa liderança a nível popular, mas não têm apelo nacional. Apesar de já ter comandado o Consórcio Nordeste na época da pandemia, Wellington Dias é visto como um líder eleitoral mais restrito ao Piauí, onde conseguiu eleger seu sucessor, Rafael Fonteles.

Coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT, Humberto Costa acabou não tendo a mesma proximidade com Gleisi Hoffmann nos momentos em que Lula discutia os cenários das eleições municipais e até mesmo a atuação de Lula nos palanques.

Outro ponto levantado é que a Bahia, maior estado do Nordeste e governado pelo PT há 18 anos, não demonstra adesão a esse movimento e não surgiu com candidato. Ex-governador baiano e ministro da Casa Civil, Rui Costa já disse a interlocutores que não tem ambição de disputar espaço dentro do PT, e se distancia dessa discussão.

A intenção de levar uma liderança petista do Nordeste para comandar o partido vem sendo discutida internamente por integrantes da atual executiva do partido desde o início deste ano. O movimento ganhou força depois que o primeiro turno das eleições municipais destacou a dependência do partido dos votos da região para o seu desempenho nacional.

Dos oito estados em que o PT aumentou o número de eleitos em relação a 2020, seis estão no Nordeste. Piauí e Bahia apresentaram os melhores resultados em número de prefeituras, com 50 e 49 executivos municipais vencidos, respectivamente.

No Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina houve queda no número de prefeitos. Em São Paulo, berço político do petismo, o partido conquistou três prefeituras, disputou o segundo turno em Diadema, Mauá e Sumaré, mas perdeu em Araraquara, cidade comandada por Edinho Silva.

A derrota de Edinho tornou-se um argumento utilizado pela ala petista para enfraquecer a postulação. Ao não eleger sua sucessora, Eliana Honain (PT), o prefeito reforçou o entendimento de que o partido perde força no Estado. As três cidades onde o partido venceu são pequenas: Lucianópolis, Matão e Santa Lúcia. Neste último, o petista foi o único concorrendo ao cargo.

Ministros do PT com base eleitoral no estado, como Luiz Marinho (Trabalhista), Paulo Teixeira (Trabalho), Fernando Haddad (Finanças) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), estiveram comprometidos com São Bernardo do Campo, Osasco, Diadema, Araraquara , Santo André e Campinas, onde o PT perdeu candidatos.

Edinho não conta apenas com o apoio do forte nessa disputa — o presidente Lula — mas também de outros nomes do PT paulista, como Haddad, Padilha, o ex-ministro José Dirceu e Emídio de Souza. As informações são do portal de notícias O Estado de S.Paulo.