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A Editorial Sul
| 15 de dezembro de 2024
O TRE-SP formou maioria, nesta sexta-feira (13), para cassar o mandato e tornar a deputada Carla Zambelli inelegível por oito anos. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
Com nomes na mira da Justiça Eleitoral, a direita traça uma estratégia jurídica para 2026. A preocupação levou advogados a criarem um grupo de assessoria técnica para atender apoiadores de Bolsonaro que são alvo de ações judiciais. A dois anos da corrida eleitoral de 2026, líderes de direita, incluindo potenciais candidatos presidenciais, enfrentam reveses na Justiça Eleitoral ou são alvo de representações que ameaçam os seus projetos políticos.
Na última semana, dois casos repercutiram: um juiz eleitoral condenou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União-Brasil), e o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) formou maioria a favor da cassação do mandato de a deputada federal Carla Zambelli (PL) – tanto o governador quanto o deputado ficarão inelegíveis se as decisões forem definitivas. A situação recente se insere no contexto de inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A juíza eleitoral Maria Umbelina Zorzetti condenou Caiado na última quarta-feira (11) e determinou sua inelegibilidade por oito anos. Para ela, o governador utilizou o Palácio das Esmeraldas, sede do Executivo goiano, para realizar um evento de campanha do seu aliado, o prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil-GO) –o ato foi considerado um abuso de poder político . O governador nega a acusação e disse que vai recorrer da decisão.
A representação que ameaça o mandato de Zambelli está sendo julgada pelo TRE paulista. Na sexta-feira (13), a Justiça formou maioria a favor da perda de seus direitos políticos. Segundo o colegiado, as ações do parlamentar durante as eleições de 2022 constituíram abuso de poder político e abuso de mídia. Se a decisão for ratificada, Zambelli poderá ficar inelegível por oito anos. Ainda cabe recurso para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Nada mudou”, disse Zambelli em comunicado após o julgamento. “Por enquanto a maioria está formada, no sentido do meu impeachment. Mas isso ainda pode ser revertido, com o pedido feito.”
Outros dois nomes que despontam como potenciais candidatos majoritários de direita, o influenciador Pablo Marçal (PRTB-SP) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), são alvos de ações que colocam em xeque seus projetos eleitorais. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), escapou da derrota no mês passado. No final de novembro, o ministro Kassio Nunes Marques (TSE) apresentou denúncia-crime aberta pelo deputado federal e ex-candidato a prefeito Guilherme Boulos (PSOL), após o governador afirmar, no dia da votação em segundo turno, que o PCC iria aconselharam-no a votar.
O cenário tem alimentado o sentimento entre os activistas bolsonaristas de que o “sistema”, a forma genérica como se referem às instituições, está a trabalhar para minar o poder da direita com vista às próximas eleições presidenciais. Mas os advogados próximos dos políticos preferem criticar as estratégias jurídicas que levaram a estas condenações.
Conselho
A preocupação da direita com o nível de assistência técnica prestada pelos apoiadores de Bolsonaro levou advogados e integrantes do Poder Judiciário a organizarem um grupo para fortalecer a defesa jurídica de seus aliados. Nomes como Karina Kufa, advogada de Bolsonaro, Angela Gandra, ex-secretária nacional da Família do Ministério dos Direitos Humanos de Damares Alves, e Arthur Guerra, advogado do governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), fazem parte da iniciativa, chamada “Garantias”.
A inelegibilidade de Bolsonaro é um divisor de águas nos planos da direita para 2026. O ex-presidente tem tentado manter influência sobre o destino de uma chapa que disputará as eleições presidenciais, enquanto outros líderes desafiam sua hegemonia. Deputados federais de Bolsonaro relataram ao Estadão que o nome de Caiado com o governador mineiro Romeu Zema como vice-presidente ganha força entre os insatisfeitos com o clã. Na última campanha eleitoral, Bolsonaro e Caiado entraram em confronto público.
A estratégia de Lula
Os aliados de Bolsonaro cogitam repetir a estratégia petista de 2018, quando Fernando Haddad substituiu Luiz Inácio Lula da Silva, então preso e inelegível, e se beneficiou da transferência de votos do aliado e da chegada ao segundo turno. Eduardo Bolsonaro é o nome cogitado para o empreendimento, e o próprio deputado fez questão de se colocar na disputa durante evento há poucos dias.
“O plano A é Bolsonaro, eu posso ser o plano B”, disse o deputado federal, antes de ser rebatido pelo próprio pai: “O plano A sou eu, o plano B sou eu também e o plano C sou eu”, disse o ex-presidente em uma entrevista à Rádio Gaúcha dois dias depois. (Estadão Conteúdo)
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A dois anos da disputa eleitoral de 2026, lideranças de direita, incluindo potenciais candidatos à presidência, enfrentam reveses na Justiça Eleitoral ou são alvo de representações que ameaçam seus projetos políticos
15/12/2024
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