Fiergs diz que manutenção da taxa Selic se deve ao aumento das incertezas no cenário econômico

Fiergs diz que manutenção da taxa Selic se deve ao aumento das incertezas no cenário econômico


O presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry, afirmou que o Copom foi cauteloso diante de alguns desequilíbrios econômicos verificados nas últimas semanas

Foto: Divulgação/Fiergs

O presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry, afirmou que o Copom foi cauteloso diante de alguns desajustes econômicos ocorridos nas últimas semanas. (Foto: Divulgação/Fiergs)

A manutenção da Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) em 10,50% ao ano se deve, segundo a Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), a uma grande deterioração nas expectativas de inflação nos últimos 45 anos. dias, devido a uma política fiscal menos austera e à incerteza quanto à condução da política monetária no próximo ano.

“Entendemos que o melhor cenário para o setor industrial seria a continuidade do ciclo de redução de juros, principalmente pelas difíceis condições que as empresas gaúchas enfrentam. Contudo, a manutenção do ciclo de cortes, dado o desajustamento macroeconómico das últimas semanas, poderá ser prejudicial para a indústria. Com a elevação do câmbio e o aumento das expectativas de inflação, há riscos de elevação dos juros futuros, afetando os custos de empréstimos e financiamentos”, afirmou o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

Segundo ele, é necessário que as condições para a retomada das reduções dos juros sejam restabelecidas nos próximos meses, permitindo que o Banco Central atue com segurança para auxiliar na recuperação econômica do Rio Grande do Sul. No entanto, existem riscos para a concretização deste cenário. No nível interno, por exemplo, a inflação em maio ficou significativamente acima das expectativas do mercado, impulsionada, em parte, pelos preços dos alimentos, que foram afetados pelas enchentes no RS.

Segundo Petry, também há dúvidas quanto ao cumprimento das metas estabelecidas no novo marco fiscal. No cenário externo, há incerteza quanto ao início da redução das taxas de juros na economia norte-americana.

A decisão sobre a Selic foi tomada nesta quarta-feira (19) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Fecomércio-RS

O presidente da Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio Grande do Sul), Luiz Carlos Bohn, também comentou a decisão do Copom.

“Sem surpresa, o Copom manteve a Selic em 10,50% ao ano. Na reunião anterior, a maior parte do comité já tinha sublinhado a sua preocupação com a desancoragem das expectativas e os riscos associados à perda de credibilidade na prossecução da meta de inflação. A decisão, maioritariamente unânime, foi uma demonstração deste compromisso e será certamente lida como um forte sinal do mesmo. É óbvio que a manutenção de taxas de juros elevadas por mais tempo na economia brasileira se reflete num menor impulso à atividade econômica, o que seria especialmente importante para a economia do Rio Grande do Sul neste momento tão desafiador. Porém, precisamos estar atentos ao que levaria a uma legítima queda das taxas de juros no Brasil no cenário atual: maior atenção às questões fiscais. Se nós quisermos Ter taxas de juros mais baixas, o governo precisa assumir um compromisso credível para controlar os gastos públicos”, declarou Bohn.