O ponto principal da proposta do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de renegociar a dívida dos estados com a União e que reduziria significativamente a dívida de Minas Gerais não foi acatado pelo governo federal. O governo federal descartou a possibilidade de a União aceitar a negociação de bens dos estados para reduzir as dívidas dos entes com a União.
A informação foi dada nesta quarta-feira (19/6) pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em coletiva de imprensa após encontro com Pacheco, em Brasília. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dário Durigan, também participou do encontro, representando o ministro Fernando Haddad, que esteve no Rio de Janeiro inaugurando o novo comando da Petrobras.
Segundo Padilha, a proposta do governo Lula não alterará o estoque da dívida dos estados. Pela proposta de Pacheco, Minas Gerais, por exemplo, entregaria a Companhia Mineira de Energia (Cemig), a Companhia Mineira de Saneamento (Copasa) e a Companhia Mineira de Desenvolvimento (Codemge) em troca de um abatimento de R$ 80 bilhões da dívida de R$ 160 bilhões que o Estado tem com a União.
“O governo deixou isso muito claro e vamos reforçar nos detalhes, porque movimentar o estoque significa impactos no déficit primário e o governo não vai desistir de todo o esforço que estamos fazendo para a responsabilidade fiscal e para trazer as contas ao nível data. público”, afirmou o ministro.
Segundo Padilha, os estados endividados poderão deduzir parte do serviço da dívida (juros) de obras de infraestrutura em seus estados, conforme solicitação de governadores, incluindo Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “A maior parte dos recursos deveria ir para educação, ciência e tecnologia, mas o Ministério da Fazenda abriu a possibilidade de uma parte menor desses recursos ser investida também na área de infraestrutura com projetos de desenvolvimento”.
A proposta anterior do governo federal, apresentada em março pelo Ministério da Fazenda, previa redução de juros em troca de investimentos em ensino técnico. Outra proposta sugerida, segundo o ministro, pelo Conselho Nacional de Política Financeira (Confaz), é que parte do serviço da dívida seja direcionada para um fundo nacional, para ser redistribuída a outros estados que não estejam endividados, como uma espécie de recompensa para quem está com as contas em dia.
“O governo federal está abrindo mão de um recebível, uma parte importante dele seria investida no próprio estado que estaria deixando de pagar e uma parte menor desse recurso iria para um fundo investindo em outros estados que fizeram o dever de casa de volta lá. “, ele argumentou.
Pacheco ainda não comentou a contraproposta do governo. A intenção do presidente do Senado era apresentar esta semana aos governadores sua proposta, que posteriormente seria apresentada ao Congresso na forma de um Projeto de Lei Complementar que institui o programa de Pagamento Integral das Dívidas do Estado com a União (Propag).
Dispõe sobre a federalização das empresas estatais e a transferência desses bens dos estados para a União, desde que a operação seja aceita por ambas as partes e autorizada, por meio de lei específica, pelo Congresso Nacional e pelas Assembleias Legislativas.
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