19/06/2024 – 14h07
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Fávaro: “Preço do arroz subiu 30%, 40% face à tragédia”
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, voltou a defender, em debate nesta quarta-feira (19), na Câmara dos Deputados, a importação de arroz após chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul. A medida é questionada por parlamentares.
O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz. Como as chuvas e enchentes afetaram as lavouras, os estoques locais e a logística de distribuição, o governo federal decidiu facilitar a importação desse produto.
“Quando tentamos comprar 100 mil toneladas, dadas as dificuldades logísticas do Rio Grande do Sul, o valor era de apenas 70 mil toneladas. Se não foi um ataque especulativo, o que foi? O que o governo deve fazer”, questionou Carlos Fávaro.
“Não se trata de confrontar os produtores. O preço do arroz subiu 30%, 40% face à tragédia. É preciso ter um stock necessário para situações difíceis, para vender em tempos de especulação”, afirmou o ministro da Agricultura.
O ministro compareceu nesta quarta-feira à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural a pedido do presidente do colegiado, deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), e de outros cinco parlamentares.
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Evair Vieira de Melo (C) pediu audiência com o ministro
Leilões
Em defesa das importações de arroz, Carlos Fávaro lembrou ainda que, em 2020, perante a subida dos preços do arroz no Brasil, o governo Bolsonaro baixou as tarifas de importação – assim, entraram no país 400 mil toneladas, e os preços caíram.
Agora, além de reduzir tarifas, o governo Lula anunciou a importação de até 1 milhão de toneladas. Na semana passada, porém, a compra de 263,3 mil toneladas foi cancelada sob a justificativa de que as quatro empresas vencedoras não haviam comprovado capacidade técnica. Um novo leilão deverá ocorrer sob regras diferentes.
Na terça-feira (18), a Comissão de Agricultura aprovou o envio de representação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça, solicitando a apuração de suspeitas de cartel naquele leilão cancelado.
Avaliações
O deputado Marcos Pollon (PL-MS), um dos que sugeriu o debate, criticou as declarações de Carlos Fávaro. “Esse 1 milhão de toneladas deve desanimar os produtores gaúchos no momento em que eles estão mais fragilizados”, disse.
O deputado Afonso Hamm (PP-RS), que também solicitou audiência pública, cobrou mais apoio aos produtores gaúchos. “Ministro, ajude-nos, suspenda esses leilões e retome o trabalho de recuperação da agricultura”, afirmou.
“O aumento do preço para os produtores de arroz foi de 11% a 15%, não foi de 30%”, disse Afonso Hamm. “Se alguém coloca uma margem alta no supermercado, se está especulando com preços, isso é outra coisa, precisa de fiscalização”, acrescentou.
Relatório – Ralph Machado
Montagem – Roberto Seabra
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