Avaliação estável diminui pressão sobre o governo, dizem aliados de Lula

Avaliação estável diminui pressão sobre o governo, dizem aliados de Lula



BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – Integrantes do governo Lula (PT) afirmaram que os dados da pesquisa Datafolha divulgados nesta terça-feira (18/6) mostram o início do que chamam de “colheita” de ações iniciada em janeiro do ano passado. A oposição afirma que o cenário de estabilidade mencionado é apenas um prenúncio de agravamento dadas as perspectivas de deterioração económica e política do país.

A pesquisa mostra que a aprovação de Lula se manteve estável em relação à rodada anterior, mas oscilações dentro da margem de erro indicaram ligeira melhora a favor do presidente —36% de aprovação versus 31% de desaprovação.

“Sempre afirmamos que 2023 foi o ano do plantio. Em 2024 começa a colheita”, afirmou o ministro extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta.

“Com muito trabalho e as entregas que estamos fazendo, dentro do programa de reconstrução do nosso país, não tenho dúvidas de que o nosso governo chegará ao final do ano com um alto índice de aprovação. realizando com dedicação e devoção a construção do Brasil”, disse, na mesma linha, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), adotou tom cauteloso. “É óbvio que quando as coisas melhoram, é melhor do que quando pioram. [Mas] Não podemos lançar foguetes, precisamos de mais”, disse o senador. “Mas obviamente é bom. Se isso é um sinal de progresso nessa direção, ótimo. Para mim, é cedo. Isso demonstra estabilidade.”

Os deputados Alencar Santana (PT-SP) e Rubens Pereira Jr. (PT-MA), que integram a vice-liderança do governo, reforçaram o coro da maioria dos petistas, que pelo menos em seu discurso dizem ver um cenário de melhoria a partir de agora. contra.

“Os resultados económicos do país são muito melhores que os dos anos anteriores, mas ainda não produziram todos os efeitos positivos que podem ter na vida das pessoas”, afirmou Santana.

“Esse índice de aprovação tende a aumentar quanto maiores forem os resultados reconhecidos pela população no seu dia a dia”, afirmou Pereira Jr..

O índice excelente/bom do governo Lula, que era de 35% em março, oscilou positivamente para 36% agora. As taxas de reprovação (taxa ruim/péssima) passaram de 33% para 31%, e as avaliações regulares passaram de 30% para 31%.

Nos bastidores, um ministro do governo disse que a pesquisa alivia a pressão política. A estabilidade, após semanas de difícil atuação no Congresso Nacional e reação do mercado, trouxe certo alívio ao núcleo governamental.

Outro ministro minimizou em um ponto percentual a oscilação negativa entre os evangélicos, por estar dentro da margem de erro. Ele acredita que o resultado já era esperado.

A curva negativa para Lula, que vinha surgindo desde o final do ano, foi revertida nesta pesquisa, que marca um ano e seis meses do terceiro mandato do petista à frente do Palácio do Planalto. O instituto entrevistou 2.008 eleitores em 113 municípios brasileiros de 4 a 13 de junho. A margem de erro é de mais ou menos dois pontos percentuais.

OPOSIÇÃO VÊ COMEÇO DE PIOR

A oposição a Lula no Congresso tem avaliação oposta. Para ela, o cenário de estabilidade está baseado em fundamentos que apontam para o início de uma piora diante do que apontam como piora das perspectivas na economia e na política.

“A pesquisa reflete a estabilidade do governo em um momento ruim, e a prova disso é que Lula vive praticamente em cárcere privado, não pode sair na rua, não pode ser recebido por ninguém, não há população que o apoie”, disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Entendo que quanto mais o tempo passa, a tendência é que as pesquisas reflitam essa queda de popularidade, já que não há expectativa de melhora na economia. Se não fosse Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central], o Brasil já havia explodido, com inflação altíssima e desemprego crescente. Infelizmente, o cenário com Lula vai piorar a partir de agora.”

Em relação a Bolsonaro, Lula registra hoje nível semelhante de excelente/bom: seu rival recebeu essa nota de 32% em junho de 2020, embora tenha sido bem mais reprovado (44% ruim/péssimo). 23% achavam que o ex-presidente era regular.

Lula renovou nesta terça-feira as críticas a Campos Neto, afirmando que o presidente do BC trabalha para prejudicar o país e está alinhado com a oposição.

O deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) segue a mesma linha de Flávio Bolsonaro: “É uma margem de aprovação em relação à reprovação medíocre, que retrata bem o governo. estamos no início de um processo de considerável turbulência e tempestade.”

“A percepção da sociedade sobre os efeitos de uma política econômica irresponsável ainda não aparece nesta pesquisa, mas já está contratada para um futuro próximo. É questão de tempo”, disse o deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro de Bolsonaro.

Dentro do governo, a ideia é que Lula intensifique a agenda de viagens que antecedem as eleições, priorizando estados do Nordeste e Sudeste, com o objetivo de melhorar sua popularidade.

Isso foi discutido esta semana, na reunião de articulação política que o petista lidera todas as segundas-feiras no Palácio do Planalto. Lula pretende ir na sexta-feira, por exemplo, ao Ceará, Piauí e Maranhão.

Segundo assessores, Lula tem reclamado que as ações do governo não estão ganhando visibilidade e que, nesse sentido, sua presença nos estados para falar sobre elas tende a esclarecer o que sua gestão tem feito.



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