Setor produtivo avalia que novos tributos mantêm diferencial competitivo da Zona Franca de Manaus – Notícias

Setor produtivo avalia que novos tributos mantêm diferencial competitivo da Zona Franca de Manaus – Notícias


18/06/2024 – 20:31

Renato Araújo/Câmara dos Deputados

Grupo de Trabalho reuniu-se esta terça-feira

Representantes do setor produtivo sediados na Zona Franca de Manaus (ZFM) demonstraram concordância, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (18), com a proposta de regulamentação da reforma tributária em discussão na Câmara. Na avaliação deles, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/24, que define as regras gerais de funcionamento do novo modelo de tributação a ser adotado no país, mantém a vantagem competitiva atualmente prevista para a ZFM.

O projeto aborda as regras de funcionamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Circulação de Bens e Serviços (CBS), que afetarão o consumo, substituindo PIS, Cofins, IPI, ICMS Isso é ISS após um período de transição (2026 a 2033).

“O PLP atende em grande parte esse objetivo e tenta reproduzir nos novos impostos situações que já existem hoje no ICMS, PIS e Cofins”, avaliou Mario Sergio Telles, superintendente de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Durante o debate do grupo de trabalho da Câmara que analisa o projeto, Jeanete Portela, representando a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, e Marcos Antônio de Sousa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas e Similares, citaram números do pólo industrial do Manaus e reforçou a importância das diferenças competitivas para a região.

Segundo Portela, o pólo acumula uma receita total de R$ 200 bilhões por ano, com cerca de 500 indústrias de diversos setores, gerando mais de 110 mil empregos diretos e 500 mil empregos indiretos, além de representar 1,5% do PIB brasileiro. Especificamente no que diz respeito ao cubo de duas rodas, Sousa disse que o complexo ZFM produz uma moto a cada 30 segundos e deverá totalizar 2 milhões de produtos este ano.

“Para nós, da Zona Franca de Manaus, no polo das duas rodas, o que importa neste momento é simplesmente manter a nossa competitividade e segurança jurídica”, reforçou.

O que diz a proposta
O Projeto de Lei Complementar 68/24 suspende a incidência do IBS e CBS na importação de bens materiais por indústria devidamente cadastrada para operar na Zona Franca de Manaus. A suspensão é convertida em isenção quando a mercadoria for, de fato, utilizada no processo produtivo da ZFM.

A proposta também reduz a zero alíquotas de impostos nas operações que destinam matéria-prima nacional a empresas localizadas na ZFM, além de prever crédito presumido do IBS na aquisição de bens industrializados de origem nacional. Os mesmos incentivos aplicam-se às Zonas de Comércio Livre.

Para evitar a evasão fiscal, o projeto estabelece que, caso a mercadoria não seja utilizada no processo de industrialização na ZFM, o contribuinte pagará IBS e CBS com os acréscimos legais aplicáveis.

Créditos
Presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barbato destacou algumas sugestões de aprimoramento da proposta para, por exemplo, reduzir o prazo que as empresas terão para receber em dinheiro créditos que não conseguirem compensar no pagamento de seus impostos . Ele informou que França e Holanda, respectivamente, fazem essas transferências em 22 e 24 dias. Ele propõe um prazo de até 45 dias.

Barbato explicou que a reforma tributária prevê um sistema de crédito não cumulativo dentro da cadeia produtiva, ou seja, o imposto pago pelo fornecedor é deduzido do imposto devido pelo comprador até chegar ao consumidor final.

“A empresa que compra mercadorias utiliza os créditos gerados para pagar os próprios tributos, mas, caso haja sobra de créditos, o texto prevê o reembolso à vista em até 75 dias. Esse prazo de entrega é muito longo e levará ao aumento do custo de produção”, disse ele.

Nacional simples
Mario Sergio Telles, da CNI, elogiou o trecho da proposta que não prevê substituição tributária no novo modelo do Simples Nacional. Como substituto tributário, a empresa é obrigada a calcular e recolher o imposto antecipadamente ao longo de toda a cadeia produtiva.

“A substituição tributária no ICMS é um mecanismo que atualmente retira grande parte das vantagens do Simples Nacional. Esse mecanismo não está previsto no PLP 68, e entendemos que deveria permanecer assim”, defendeu Telles.

O assessor da Secretaria Especial da Receita Federal, Roni de Brito, que representou o governo federal no debate, também considera a medida benéfica para quem optar pelo modelo de tributação simplificado, que poderá gerar créditos para compradores de seus bens e serviços com base no valor efetivamente pago no Simples.

“As empresas que decidem ficar [no Simples] poderão calcular o IBS e o CBS fora do Simples Nacional, mantendo todos os demais impostos dentro do Simples, apenas o IBS e o CBS fora, para que possam gerar créditos integrais para os compradores de seus bens e serviços”, explicou.

Negócios
Como representante do setor comercial em Manaus, Hamilton Caminha, vice-presidente da Câmara dos Dirigentes de Varejo de Manaus (CDL/Manaus), criticou o fato de as empresas sediadas na ZFM terem, por meio da proposta, alíquota zero do IBS nas compras feitos de fornecedores de alimentos. fora da região, mas pague a taxa normal ao comprar em empresas locais.

Ele afirmou que o comércio é responsável pela maior parte dos empregos na região de Manaus. “Se não tivermos na região um comércio que tenha essa força, não alcançaremos o objetivo de desenvolvimento da região, que é alcançado através das pessoas que vivem na região. A distribuição de renda para essas pessoas é fundamental”, observou.

O deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), que presidiu o início da reunião, destacou que o grupo de trabalho responsável por emitir parecer sobre o Projeto de Lei Complementar 68/24 já acumulou 46 horas de debates. “Já recebemos 182 entidades em audiência pública. É um trabalho ouvir toda a sociedade”, afirmou.

Segundo Coutinho, a ideia é que o relatório fique pronto até o dia 4 de julho.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub



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