Governo brasileiro vê “sinais” de que o presidente argentino extraditará brasileiros

Governo brasileiro vê “sinais” de que o presidente argentino extraditará brasileiros


O Brasil aguarda informações sobre quantos e quais brasileiros foragidos estão em solo argentino. (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

Apesar do mau relacionamento entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o argentino Javier Milei, o governo brasileiro está confiante de que a distância não influenciará a posição do governo do país vizinho no pedido de extradição dos 47 fugitivos do 8 de janeiro que fugiram para a Argentina .

Segundo as autoridades brasileiras, o sinal de que a Argentina está disposta a cooperar com a Polícia Federal (PF) foi uma declaração dada na semana passada pelo porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni. Ele disse que o governo argentino seguirá o que a lei indicar, inclusive o repasse de informações ao governo brasileiro.

Na última sexta-feira (14), a Embaixada do Brasil em Buenos Aires enviou ofício do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Itamaraty. A Corte cita uma lista de 143 foragidos de 8 de janeiro, dos quais a PF já tem informações sobre 47 que estão em solo argentino.

Membros do governo brasileiro disseram desconhecer uma série de pontos. Por exemplo, quantos pedidos de asilo foram apresentados à Argentina por brasileiros que foram condenados pelos atos de 8 de janeiro do ano passado. Um interlocutor disse que a expectativa é que “algumas dezenas” de pessoas tenham solicitado asilo.

Pessoas envolvidas no assunto disseram que o Itamaraty apenas encaminhou o ofício do STF ao governo argentino. O uso da diplomacia, formal ou informal, só terá início após a Política Federal formalizar os pedidos de extradição.

O governo Lula conta com a aprovação dos pedidos e atuará para que os parlamentares da oposição, ao pedirem asilo aos foragidos, não tenham qualquer força neste episódio. A expectativa é que Milei não ceda às pressões, para evitar um grande problema diplomático com o Brasil.

Segundo interlocutores governamentais, há muitas coisas em jogo. Além de ser parceira em diversos projetos de cooperação, a Argentina conta com o Brasil para desenvolver importantes obras de infraestrutura, como a construção de um gasoduto, do país vizinho até Uruguaiana (RS), para venda de gás natural ao mercado brasileiro.

Os pedidos que o governo deverá apresentar à Argentina para extraditar os 47 fugitivos a partir de 8 de janeiro representam 83% do número de pedidos que o Brasil fez ao país vizinho nos últimos dois anos e meio: 56. Quando o procedimento for formalizado, o país governado por Javier Milei passará para o segundo lugar no ranking dos que mais recebem solicitações brasileiras, atrás apenas de Portugal.

Por outro lado, a Argentina é quem mais solicita ao Brasil a extradição de cidadãos que cometeram crimes: 38 entre 2022 e 24 de maio deste ano.