O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou nesta segunda-feira (17/6) que é preciso melhorar a qualidade da aplicação dos recursos públicos na área. “Temos situações no Brasil em que os municípios mais pobres têm resultados melhores que os municípios mais ricos. Então a questão não é só de recursos. É de governança, de planejamento, de monitoramento de metas e de resultados. investimentos na educação básica e maior qualidade na aplicação desses recursos”, defendeu em entrevista ao Agência Brasil.
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O ministro participou de reunião da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris. No evento, foram discutidas questões que envolvem a implementação das metas de educação previstas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em conformidade com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Camilo discutiu a questão do financiamento e listou motivos pelos quais considera necessário ampliar os investimentos no Brasil, focando sobretudo na educação básica.
“Uma pesquisa recente foi realizada pela OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Dos 41 países participantes, o Brasil é o terceiro com menor orçamento para a educação básica. O Brasil investe cerca de US$ 3.580 por aluno matriculado na educação básica. A média para os países da OCDE é de quase 11.000 dólares. Por outras palavras, estamos a investir num terço destes países. Diferentemente do ensino superior, onde o Brasil já investe a média dos países da OCDE, que gira mais ou menos em torno de US$ 15 mil por aluno”, disse.
Camilo Santana foi favorável à ampliação dos investimentos na área educacional. Ele afirmou que nunca foi abordado para discutir a redução de recursos do departamento. “O Brasil não pode ter um teto de gastos com educação e muito menos cortes simplesmente para cumprir metas fiscais”, disse ele.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a aceleração de uma revisão dos gastos públicos. Na última sexta-feira (16), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, confirmou que há discussões a esse respeito. Segundo ele, é preciso fazer ajustes, além de aumentar a eficiência dos investimentos. Alckmin, porém, destacou que não há data prevista para anúncio dos cortes.
“O presidente Lula sempre diz que os gastos com educação não podem ser vistos como despesa e sim como investimento. Nunca discutiram esse tema comigo e eu tenho defendido que, pelo contrário, temos que aumentar os investimentos em educação”, reiterou Camilo Santana .
PNE
O novo Plano Nacional de Educação (PNE) está prestes a ser enviado ao Congresso Nacional. Segundo Camilo Santana, já houve aprovação do Ministério do Plano e Orçamento e do Ministério das Finanças. Resta apenas a avaliação do Ministério da Casa Civil.
Com duração de dez anos, o novo PNE deverá definir as principais metas da área até 2034. Segundo Camilo Santana, a elaboração levou em conta as contribuições de diversos setores da sociedade que se mobilizaram por meio de conferências de educação. Ele disse que o resultado é um PNE técnico. O ministro acredita que não haverá polêmica na tramitação do texto.
“O Congresso Nacional receberá um PNE técnico, bem elaborado, com metas factíveis e fáceis de seguir. E com ferramentas de acompanhamento e monitoramento.” Segundo Camilo Santanta, grande parte das metas previstas no PNE que entrou em vigor em 2014 e que termina este ano não foram cumpridas.
“Estamos nos esforçando para cumprir metas que já estavam sendo cumpridas. Vou dar um exemplo. Até o final de 2024, 25% dos alunos matriculados na educação básica deveriam ser em tempo integral. Quando assumimos o governo , tivemos 15%. Este ano já saltamos para 21%. Apresentamos um projeto de lei que foi aprovado no Congresso Nacional e temos acordo com as redes municipais e estaduais. Nosso objetivo é apoiar as redes municipais e estaduais com R. US$ 4 bilhões por ano.”
Esperava-se também que as matrículas no ensino técnico profissional no ensino secundário triplicassem, objectivo que também está longe de ser alcançado. Para enfrentar esse cenário, o governo deverá enviar em breve ao Congresso Nacional um projeto de lei para criar o Programa Interesse pela Educação.
“Os estados que têm dívidas com a União poderão ter redução de juros. Em contrapartida, os estados terão uma meta para os próximos cinco anos: passar de 11% para 37% das matrículas no ensino técnico profissionalizante no Brasil. ensino médio”, explica Santana. Além disso, segundo o ministro, é necessária a criação de 1,1 milhão de novas creches para atingir a meta do atual PNE, que visa garantir atendimento a pelo menos 50% das crianças brasileiras de até 3 anos.
Segundo Camilo Santana, diferentes indicadores de qualidade serão considerados no novo PNE. Uma delas teria como objetivo monitorar a alfabetização das crianças na idade certa, considerada fundamental para combater a distorção idade-série e o abandono escolar. A evasão é, segundo Camilo Santana, um dos principais desafios do país.
“Quase meio milhão de jovens do ensino médio brasileiro abandonam a escola todos os anos no Brasil. Isso ocorre por diversos motivos como a falta de perspectiva com a escola, não ter uma escola acolhedora, não ter uma escola atrativa, a questão da educação precoce gravidez em adolescentes. Mas o grande motivo é a questão financeira. Criamos o programa Pé-de-Meia para apoiar e ajudar a garantir que nenhum aluno deixe de concluir o ensino médio brasileiro. O último Censo mostrou que 69 milhões de brasileiros não concluíram o ensino fundamental. . Ou seja, um terço da população brasileira. E o mínimo que o Estado brasileiro pode fazer é garantir que todos os brasileiros completem a educação básica neste país.”
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