BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A chamada “agenda aduaneira” do bolsonarismo, que engloba questões como aborto e drogas, avança mais rapidamente no mandato de Lula (PT), que dura quase um ano e meio, do que nos quatro anos de Jair Bolsonaro (PL).
Entre os exemplos de questões que tramitaram mais rapidamente durante o governo petista estão a criminalização do porte e porte de qualquer droga e a equiparação das penas de homicídio com o aborto realizado após 22 semanas de gravidez.
Por outro lado, questões como as escolas apartidárias e o chamado Estatuto do Nascituro ficaram paralisadas de 2019 a 2022, quando o capitão reformado do Exército chefiava o Executivo federal.
A atual composição parlamentar também conta nesse movimento, com maior número de bolsonaristas vindos do governo do ex-presidente, a retomada dos julgamentos dos temas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e as eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e O senado.
Veja como se tramitaram as propostas de agenda aduaneira nos governos Lula e Bolsonaro:
*PROPOSTAS LEGISLATIVAS DURANTE O GOVERNO LULA*
*PEC de Drogas*
A proposta criminalizaria a posse e a posse, independentemente da quantidade; Foi aprovado em abril pelo Senado e referendado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados
*Agenda conservadora na Lei de Diretrizes Orçamentárias*?
Texto impede que Executivo incentive e financie atos como cirurgias de mudança de sexo em crianças e abortos não previstos em lei; o Congresso Nacional aprovou as restrições em dezembro, Lula vetou, mas deputados e senadores derrubaram o veto
*Projeto contra aborto e estupro*
Equipara abortos realizados após 22 semanas de gestação a homicídio; A Câmara aprovou a tramitação urgente da proposta na semana passada; ainda falta análise do mérito
*Armas*
As propostas buscam estabelecer padrões para a aquisição de armas e munições por civis; em maio, o plenário da Câmara derrubou parte do decreto de Lula que freava a flexibilização adotada no governo Bolsonaro
*Castração química voluntária*
A medida prevê a castração voluntária de condenados mais de uma vez por crimes sexuais; o projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e seguiu para a Câmara
*Casamento gay e união poliamorosa*
As iniciativas visam proibir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e o registo de uniões formadas por mais de dois coabitantes; alguns projetos foram aprovados em 2023 na Comissão de Assistência Social da Câmara e, desde então, estão na Comissão de Direitos Humanos
*PROPOSTAS LEGISLATIVAS DURANTE O GOVERNO BOLSONARO*
*Escola sem festa*
Pressupõe a existência de uma ideologização de esquerda patrocinada pelos professores nas salas de aula; aliados tentaram aprovar a proposta em comissão especial na Câmara após a eleição de Bolsonaro, mas sem sucesso
*Educação escolar em casa*
Inclui na Lei de Diretrizes e Bases da Educação a opção pela educação domiciliar, que atualmente não é considerada modalidade educacional no Brasil; Em maio de 2022, o plenário da Câmara aprovou o projeto por 264 a 144 votos, mas a proposta já tramita na Comissão de Educação e Cultura do Senado e não tramita desde dezembro passado
*Ideologia de gênero*
A bancada religiosa e os conservadores em geral utilizam a expressão, que não é reconhecida no mundo acadêmico, para bloquear discussões sobre diversidade sexual e identidade de gênero; Bolsonaro prometeu em algumas ocasiões enviar ao Congresso um projeto contra a chamada “ideologia de gênero”, mas isso nunca aconteceu
*Estatuto do Nascituro*
Visa acabar com as permissões legais para realizar abortos, como gravidezes resultantes de estupro; Bolsonaristas lançaram ofensiva no final de 2022 para aprovar o projeto na Comissão Feminina da Câmara, mas não tiveram sucesso
*Proibição do aborto*
A proposta incluiria na Constituição que a vida começa na concepção, com o objetivo de proibir o aborto mesmo nos casos atualmente considerados legais; Comissão especial da Câmara aprovou a medida no final de 2017, mas o projeto nunca foi votado no plenário da Câmara apesar do bolsonarismo defendê-lo
*Bíblia*
O Texto proíbe alterações nos textos bíblicos e garante sua pregação em todo o território. Bancada religiosa conseguiu aprovar o projeto na Câmara no final de 2022, mas ele está na Comissão de Direitos Humanos do Senado, paralisado desde dezembro passado
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