Lula diz que Fernando Haddad jamais ficará enfraquecido no cargo e fala em rediscutir gastos do governo

Lula diz que Fernando Haddad jamais ficará enfraquecido no cargo e fala em rediscutir gastos do governo


O presidente disse que disse a Haddad que a questão da isenção tributária não é mais um problema do governo.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente disse ter dito a Haddad que a questão da isenção tributária não é mais um problema do governo. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se a rediscutir os gastos do governo em meio à incerteza sobre os planos fiscais elaborados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Diante das críticas ao ministro, Lula disse que, enquanto for presidente, Haddad “nunca” ficará enfraquecido no cargo. Ele também criticou mais uma vez o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Em meio às críticas recebidas por Haddad nos últimos dias, após a devolução de parte da Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins, Lula reiterou que o chefe da Fazenda permaneceria no cargo. “Haddad nunca será enfraquecido enquanto eu for presidente da República, porque ele é meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim”, disse. “Se Haddad tiver uma proposta [de compensação]ele vai me procurar esta semana e discutir economia comigo.”

O presidente disse ter pedido ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma reunião do conselho orçamental na próxima semana para discutir o orçamento e as despesas do governo. “Acho que tudo que a gente detecta como gasto desnecessário você não precisa fazer”, comentou Lula, em entrevista coletiva neste sábado (15), na Itália.

Lula afirmou, porém, que o governo não fará ajustes que afetem a população mais pobre. A fala ocorre em meio à possível alternativa do governo de limitar a correção dos pisos da Saúde e da Educação.

O presidente disse ter dito a Haddad que a questão da isenção tributária não é mais um problema do governo. “Quem critica o déficit fiscal e os gastos do governo são os mesmos que foram ao Senado aprovar a redução fiscal para 17 grupos empresariais. E tiveram que fazer uma indenização para cobrir o dinheiro da desoneração e não quiseram”, afirmou o petista.

“Eu disse ao Haddad: ‘Isso não é mais problema do governo, é problema deles. Agora, que os empresários se reúnam, discutam e apresentem uma proposta de compensação ao ministro das Finanças”, comentou.

Críticas ao BC

Na entrevista coletiva, Lula também criticou mais uma vez a taxa básica de juros, a Selic. Ao falar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente brasileiro disse que quem promoveu o partido à chefia da instituição esta semana em São Paulo deve ganhar dinheiro com os juros altos.

“Ninguém fala em taxa de juros num país com inflação de 4%. Pelo contrário, faça uma festa para o presidente do Banco Central em São Paulo”, disse. “Normalmente quem foi à festa devia estar ganhando dinheiro com a taxa de juros.”

Na noite da última segunda-feira (10), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), promoveu um jantar em homenagem a Campos Neto. O evento, no Palácio dos Bandeirantes, contou com a presença de cerca de 70 pessoas, entre banqueiros, empresários e políticos.

Em entrevista antes do encontro, Tarcísio afirmou que apenas foram convidadas pessoas próximas a ele. “Decidi, vou fazer um jantar para meu amigo Roberto, com alguns amigos, pessoas próximas, que trabalharam conosco no governo”, disse.