Empresário de Mercedes que matou vigilante passou noite bebendo, diz amigo

Empresário de Mercedes que matou vigilante passou noite bebendo, diz amigo



Um amigo de Antônio Scelzi Netto, 25 anos, suspeito de atropelar e matar um segurança em Goiânia (GO), admitiu que ele e o empresário passaram a noite juntos e bebendo, horas antes do acidente.

O amigo de Antônio, cuja identidade não foi revelada, prestou depoimento nesta quarta-feira (6/12), na qualidade de testemunha. Para a Polícia Civil de Goiás, o depoimento do homem reforça o laudo do IML (Instituto Médico Legal) que encontrou indícios de álcool no corpo do empresário, além de revelar onde Antônio estava horas antes da colisão que culminou na morte do segurança Clenilton Lemes Correia, 38 anos.

O amigo disse que pediu a Antônio que parasse e socorresse a vítima. Em seu depoimento, o homem afirmou que não viu o motociclista e que “acredita que o empresário também não o viu”. Porém, após o impacto da batida, ele teria “pedido” para Antônio parar o veículo, mas o suspeito “chorou muito” e fugiu do local sem prestar socorro.

Outras testemunhas confirmam que Antônio havia bebido na noite anterior ao acidente. A delegada responsável pelo caso, Ana Cláudia Stoffel, explicou que pessoas que estiveram nos bares por onde o empresário passou relataram que ele ingeria bebidas alcoólicas. A polícia solicitou acesso às câmeras dos estabelecimentos onde o suspeito estava, além dos comandos com os pedidos, para auxiliar na investigação.

A polícia investiga se Antônio estava em excesso de velocidade no dia do acidente. Segundo a investigação, uma testemunha relatou que se cruzou momentos antes com o Mercedes-Benz C180 conduzido pelo empresário, e afirmou que ele estava em alta velocidade, em torno de 100 km/h.

Empresário foi solto

O Tribunal de Justiça de Goiás concedeu liberdade provisória ao empresário e aplicou medidas cautelares que devem ser cumpridas. Segundo o TJGO, a medida foi tomada porque Antônio é réu primário, tem residência fixa e vínculo empregatício.

Os empresários devem cumprir as restrições e obrigações estipuladas pelo Tribunal. Ele é obrigado a comparecer aos atos processuais para os quais for convocado, manter o endereço atualizado, está proibido de ficar na rua depois das 21h nos dias de semana e não pode sair de casa nos finais de semana e feriados.

Antônio foi preso em flagrante no dia do acidente. Ele é um empresário dono de uma empresa de varejo de bombas hidráulicas, empresa que dirige com o pai.

A vítima, identificada como Clenilton Lemes Correia, estava a caminho do trabalho quando sua motocicleta foi atingida na traseira pelo carro de luxo. O segurança foi arrastado por cerca de 300 metros, sofreu politraumatismo com ferimentos múltiplos, não resistiu e morreu. A informação é da Polícia Civil de Goiás.

Na ocasião, o motorista fugiu sem prestar socorro à vítima. Antônio Scelzi Netto foi preso em flagrante horas depois. Segundo autoridades, ele guardou o carro em sua residência localizada em um condomínio de luxo no Jardim Guanabara, em Goiânia, e foi se esconder no armazém do pai, onde foi localizado e detido. Agora, ele foi liberado para cumprir medidas cautelares.

A placa do carro caiu com o impacto do acidente. Segundo a polícia, a placa da Mercedes permaneceu no local do acidente, enquanto a placa da motocicleta do segurança ficou colada no para-choque do carro de luxo.

O suspeito havia consumido álcool. Netto se recusou a fazer o teste do bafômetro, foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de sangue e o laudo mostrou que ele havia ingerido bebida alcoólica antes do acidente. Para a polícia, o depoimento do amigo “reforça” o relatório do IML.

O motorista alegou não ter visto a motocicleta, segundo a delegada do caso, Ana Claudia Stoffel. Netto disse ainda que após o acidente ficou em “estado de choque” e por isso não prestou socorro. O delegado informou ainda que serão ouvidas duas testemunhas, e serão analisadas as câmeras de vigilância da região onde ocorreu a tragédia.

Antônio Scelzi Netto deve responder pelo crime de homicídio culposo ao dirigir veículo automotor. Em caso de condenação, a pena poderá ser aumentada por não ter prestado assistência à vítima, além da qualificação de que o suspeito estava sob efeito de álcool.

Para o UOL, a defesa do empresário informou que ele precisa ter acesso ao depoimento do amigo para se manifestar. A defesa disse ainda que, neste momento, “não está a olhar para as peças da investigação”, porque o foco está em encontrar a família da vítima para “verificar a possibilidade de aliviar a dor de todos”.



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