Câmara dos Deputados aprova urgência para projeto que proíbe Justiça de validar delação premiada com presos

Câmara dos Deputados aprova urgência para projeto que proíbe Justiça de validar delação premiada com presos


Urgência permite que texto seja votado diretamente no plenário

Foto: Divulgação

A urgência permite que o texto seja votado diretamente no plenário. (Foto: Divulgação)

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (12) a urgência na tramitação de projeto que proíbe a validação de delações premiadas celebradas com presos. O mérito será votado em outra sessão, que ainda não tem data definida.

A urgência permite que o texto seja votado diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas da Casa. A delação premiada é um meio de obtenção de provas. O acusado ou indiciado troca benefícios, como redução de pena ou progressão de regime, por detalhes do crime cometido. A urgência aprovada aplica-se a todos os projetos que estejam em tramitação conjunta sobre o mesmo tema. No total, são 7 textos.

Um deles foi apresentado em 2016, na esteira da Lava Jato, pelo advogado e então deputado petista Wadih Damous. Outra, mais recente, foi proposta pelo deputado Luciano Amaral (PV-AL).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse ser a favor da ideia de limitar as delações premiadas. Para o parlamentar, porém, a proposta de Wadih Damous é “ruim”. Lira defende a análise do projeto sobre o tema apresentado por Amaral.

Ambas as propostas têm o mesmo efeito: uma delação premiada fechada só pode ser validada pelos tribunais se o arguido ou indiciado estiver a responder livremente ao processo ou investigação.

A polêmica em torno do texto se deve à discussão a respeito da retroatividade da proposta.

O projeto não diz isso, mas os juristas acreditam que, por se tratar de matéria de direito processual penal, as normas não poderiam ser retroativas para atingir acordos de delação premiada previamente aprovados.

Nesse cenário, as confissões de Mauro Cid, que afetam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, permaneceriam válidas, assim como a declaração de Ronnie Lessa, que aponta os irmãos Brazão como os responsáveis ​​pelo assassinato de Marielle Franco.