Projeto que aumenta em 81% a contribuição ao Ipsemg é retirado de pauta

Projeto que aumenta em 81% a contribuição ao Ipsemg é retirado de pauta



O projeto de lei que aumenta as contribuições pagas ao Instituto Mineiro de Previdência dos Servidores (Ipsemg) foi retirado da pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e só deve ser analisado novamente pelos parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no última semana de junho.

O pedido de retirada de pauta foi apresentado pelo deputado Sargento Rodrigues (PL) e aprovado com a aprovação do relator do texto, deputado Zé Laviola (Novo), e do presidente da CCJ, deputado Arnaldo Silva (União Brasil), ambos do a base de governo Romeu Zema (Novo), autor da proposta.

O projeto que aumenta em 81,7% as contribuições mínimas e máximas pagas pelos empregados ao Ipsemg instituiu outras cobranças para que os dependentes, inclusive as pessoas com deficiência, tenham direito aos serviços. A proposta também altera a estrutura da diretoria do instituto e os serviços de saúde a que os beneficiários terão direito.

Segundo o deputado sargento Rodrigues, o presidente da CCJ, deputado Arnaldo Silva (União) e o próprio relator concordaram com a retirada da proposta que tem gerado muitas críticas por parte da oposição e de entidades profissionais do funcionalismo público.

Segundo Rodrigues, a oposição ao projecto quer construir uma proposta alternativa a ser apresentada à CCJ para evitar que o texto do governo tramite sem que quaisquer alterações sejam aceites nas comissões seguintes, que são a Administração Pública e a Inspecção Financeira e Orçamental. “Caso contrário será ‘Controle C’ e ‘Controle V’ na proposta do governo, o que é muito ruim para o servidor”, afirma o parlamentar, referindo-se aos comandos do teclado para copiar e colar texto.

O parlamentar disse que o relator e o presidente da CCJ endossaram a desistência porque entendem que o PL, classificado por ele como um “pacote de crueldade”, precisa de mais discussão. “São medidas extremamente ruins que vão atingir quem ganha os menores salários do estado”, afirma Rodrgues, também contra o PL que aumenta a contribuição dos militares ao Instituto Militar de Previdência (IPSM).

No caso desta proposta, ela só deverá tramitar após o PL do Ipsemg para evitar pressão governamental sobre os funcionários e a base no Legislativo.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), também contra o PL, argumentou que ele não deve ser apreciado antes que os sindicatos que representam os empregados procurem o relator e estabeleçam um diálogo sobre o assunto. Segundo o deputado, a proposta vai além de aumentar as alíquotas de contribuição, estabelecendo mudanças estruturais em relação ao Ipsemg.

“Precisa ser tratado em sua complexidade. Se passar, trará mudanças sem garantia de que impactará na melhoria do atendimento dos servidores”, afirmou. ela

A reportagem entrou em contato com os deputados Zé Laviola e Arnaldo Silva, mas eles não retornaram os pedidos de entrevista.

Frente contrária ao PL

Segundo a Frente Mineira em Defesa do Serviços Públicos, 24 sindicatos e associações comerciais representativas do setor público são “unânimes, total e completamente contrários” ao PL. Em documento, a frente listou os pontos que considera problemáticos na proposta. Leia abaixo as críticas da entidade.

Aumento do teto

Aumenta o teto de contribuição dos atuais R$ 275,15 para R$ 500, além de excluir as contribuições dos cônjuges dos valores máximos pagos pelos empregados.

“Desta vez, o beneficiário do IPSEMG passará a contribuir com valores acima do teto atual, uma vez que, além do aumento do seu valor, a contribuição referente ao cônjuge não será incluída no cálculo do teto”, destaca o documento.

Pessoas com deficiência

O documento também questiona a correção dos valores mínimos, que passarão de R$ 33,02 para R$ 60 e serão aplicados a menores de 21 anos ou deficientes ou doentes. Hoje eles estão isentos. O projeto também estipula que será pago o salário mínimo para cada criança nessas condições.

Contribuição adicional

Outro ponto questionado no PL 2.238/24 é o que estabelece o pagamento de contribuição adicional de 1,2% para o titular e o cônjuge maiores de 59 anos. Com essa mudança, eles passarão a pagar uma contribuição mensal de 4,4% do salário.

Arrecadação sobre 13º salário

A Frente questiona ainda a incidência da contribuição sobre o décimo terceiro salário e pagamentos retroativos, sob o argumento de que a prestação dos serviços de saúde é por 12 meses.

Venda de imoveis

A frente também questiona a venda de seis imóveis do Ipsemg, incluindo alguns tombados como patrimônio público de Belo Horizonte, como a Casa dos Direitos Humanos e um casarão onde funciona o Centro de Arte Popular (CAP), no Circuito Cultural da Praça da Liberdade

Redução na cobertura

Também são criticadas a redução de coberturas e procedimentos médicos e a retirada de competências do Conselho de Beneficiários, que, segundo o documento, passará a ser apenas um órgão consultivo.

O governo mineiro afirma que o PL visa melhorar a arrecadação para manter e ampliar a prestação de serviços.



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