BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu na noite de quarta-feira (22) para dissipar ruídos criados pela própria gestão petista em relação ao futuro medidas para baixar os preços dos alimentos.
O ministro Rui Costa (Casa Civil) procurou inicialmente esclarecer que o governo descarta qualquer “intervenção” nos preços dos alimentos, expressão que ele próprio utilizou no mesmo dia, durante entrevista ao ministro do Bom Dia.
Costa também negou a possibilidade de alteração da regra do prazo de validade dos alimentos. A medida foi proposta ao governo pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e alguns ministérios confirmaram nos bastidores que estava em análise.
A possibilidade começou a ser criticada nas redes sociais e explorada pela oposição. Sobre
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) Ele foi um dos que aproveitou para zombar do governo: “A picanha não veio e, se vier, vai estragar”, escreveu. Na semana passada, o parlamentar produziu as críticas mais virais ao monitoramento do Pix e foi um dos elementos que fez o governo voltar atrás na medida, que também foi alvo de forte movimento de oposição nas redes sociais.
“Houve várias sugestões [do setor varejista] que serão incluídos nessas análises que faremos agora. Uma dessas sugestões é esta, e aí relataram a existência de prateleiras diferentes ou mesmo supermercados diferentes que vendem produtos vencidos. Essa não é a cultura do Brasil, não é a prática do Brasil, então não vejo possibilidade de essa sugestão específica ser adotada”, disse ele em entrevista ao CNN Brasil.
Procurada, a Casa Civil já havia informado anteriormente que “as medidas serão avaliadas e construídas em reuniões com ministérios e demais órgãos governamentais, com a garantia da participação de produtores e associações. será adotado”.
A questão dos preços dos alimentos foi um dos momentos mais tensos da reunião ministerial realizada nesta segunda-feira (20), conforme mostra a Folha de S.Paulo. Lula interrompeu a apresentação do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) para dizer que esperava a apresentação de medidas para baixar os preços.
Esta quarta-feira, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que o governo vai procurar um “conjunto de intervenções” para baixar o preço dos alimentos. Afirmou ainda que recebeu sugestões da associação supermercadista e que as deveria seguir, mas sem detalhar as medidas.
“No final do ano passado, [Lula] realizou uma reunião com redes de supermercados e elas sugeriram algumas medidas. Iremos implementá-los agora nos primeiros dois meses. A partir destas reuniões, ouvindo os produtores, buscar medidas que possam reduzir os preços dos alimentos”, disse.
Ainda na entrevista com CNNo ministro procurou corrigir seu discurso anterior, que repercutiu no mercado – a palavra “intervenção” costuma ser associada a medidas como precificação e controle de preços. Rui Costa sugeriu então que todos trocassem a palavra “intervenção” por “medidas” para evitar ruídos na comunicação. Ele acrescentou que as medidas do governo serão no sentido de “reduzir os custos que envolvem a produção de alimentos”.
Além da entrevista, o ministro também usou as redes sociais para corrigir seu discurso matinal: “Reafirmo: não haverá intervenções governamentais, mas sim a adoção de MEDIDAS para baratear a comida na mesa do povo brasileiro”, escreveu. .
Membros do governo reconhecem que algumas medidas propostas pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) estavam em análise no governo.
A principal delas seria a modificação das regras sobre prazo de validade dos alimentos, para adotar o modelo denominado “consumir de preferência antes”. Nesse caso, o produto pode perder frescor ou nutrientes após uma determinada data, mas ainda pode ser seguro para uso.
O modelo utilizado no Brasil considera o prazo de validade. Nesse período o produto é considerado seguro para consumo. Após o vencimento, não deve ser ingerido. Segundo a Abras, a mudança poderá resultar em economia de R$ 3 bilhões com a redução de desperdícios.
Essa medida implicaria na aprovação de um projeto de lei, além de mudanças promovidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Interlocutores no Palácio do Planalto minimizaram a discussão relacionada a essa medida. Afirmaram que as cobranças de Lula pegaram alguns ministros de surpresa e que, por isso, alguns estão avaliando a agenda do varejo para ter uma resposta pronta às cobranças.
A questão da validade dos alimentos é um tema antigo na Abras. Ainda em 2021, o governo Jair Bolsonaro (PL) disse que criaria um grupo de trabalho para avaliar a proposta de flexibilização da norma que trata da validade dos alimentos no Brasil.
A iniciativa havia sido anunciada pela então ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante evento da Abras.
O pacote de medidas propostas pelo setor varejista foi apresentado a Lula durante reunião no Palácio do Planalto, em novembro, com a presença de vários ministros.
As medidas incluem ainda a autorização da venda de medicamentos sem receita médica nos supermercados e a redução do prazo de reembolso dos cartões de crédito. Em relação aos medicamentos, disse que o assunto será discutido no Ministério da Saúde.
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Rui Costa afirmou ainda que estará em análise a proposta de redução do custo da intermediação financeira do vale-alimentação.
Uma ala do governo, no entanto, está cética em relação a estas medidas e procura outras soluções. A expectativa é que o martelo seja batido em reunião no dia 30 de janeiro entre os ministros Fernando Haddad (Finança), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira.
O governo descartou qualquer tipo de medida intervencionista, como controle de preços e regulamentação de exportações. Uma ala do governo defende, por exemplo, trabalhar em preços mínimos para alimentos agrícolas, que é estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Isso tornaria possível trabalhar melhor com ações.
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