Projeto fixa medidas para enfrentamento do racismo científico – Notícias

Projeto fixa medidas para enfrentamento do racismo científico – Notícias


21/01/2025 – 18:18

Renato Araújo/Câmara dos Deputados

Deputada Talíria Petrone, autora do projeto

O Projeto de Lei 3.292/23 determina que o poder público tome medidas de combate ao racismo científico por meio de campanhas públicas, ações educativas, divulgação de memórias de violações de direitos, entre outras medidas pertinentes.

Em análise na Câmara dos Deputados, o texto define o racismo científico como a prática discriminatória pseudocientífica que pressupõe que as diferenças raciais são biologicamente determinantes na definição de características físicas e psicológicas superiores ou inferiores.

O texto institui ainda o Dia Nacional Jacinta Maria de Santana de Enfrentamento ao Racismo Científico, anualmente, no dia 26 de novembro, em todo o território nacional.

Os objetivos da instituição para o dia incluem:

  • incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de estudos que investiguem a presença e o impacto do racismo científico nas diversas áreas do conhecimento, visando desmistificar essas teorias;
  • fortalecer a produção e difusão do conhecimento científico antirracista;
  • promover a inclusão e representação de pessoas negras em espaços científicos e acadêmicos.

Discursos eugenistas
A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), autora do projeto, explica que o racismo científico é um dos pilares para a propagação dos discursos eugenistas.

“A ideologia do racismo científico remonta aos primórdios da teoria da evolução de Charles Darwin, que afirmava a existência de raças inferiores capazes de evoluir ao longo do tempo”, explica o deputado. “Posteriormente, essas teorias foram usadas para justificar comparações entre negros e animais, como macacos”.

Talíria afirma que, na Alemanha, o racismo científico foi amplamente utilizado para justificar a superioridade da “raça ariana”; no Brasil, articula o racismo estrutural, servindo de base para políticas públicas. Segundo ela, após a abolição da escravatura, o discurso científico tornou-se a principal ferramenta de legitimação do racismo.

Jacinta Maria de Santana
A deputada relembra um caso emblemático de racismo científico ocorrido no Brasil, em 1900. Jacinta Maria de Santana era uma mulher negra que morreu nas ruas de São Paulo. Após sua morte, seu corpo foi entregue a um professor de medicina legal, que, numa “experiência”, o embalsamou e o transformou em objeto de estudo.

“Jacinta tornou-se um ‘objeto de estudo’ para estudantes universitários, ficando exposta durante três décadas. Durante esses anos, o corpo de Jacinta foi constantemente desrespeitado e violado, tratado como um brinquedo.”

Processamento
A proposta será analisada em caráter conclusivo por comissões de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.

Relatório – Lara Haje
Montagem – Roberto Seabra



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