Resultado de dez anos de pesquisa, Cachorros – A história do maior espião dos serviços secretos militares e a repressão aos comunistas até a Nova República (Alameda Editorial, R$ 112) do jornalista Marcelo Godoy, é uma ótima reportagem sobre o anticomunismo no Brasil. O título do livro faz referência ao nome dado pelos militares aos seus infiltrados – e nenhum “cachorro” foi tão importante na década de 1970 quanto o líder do Partido Comunista Brasileiro Severino Theodoro de Mello, o Pacato. Cooptado ao ser preso em 1975, Mello ajudou a desmantelar o PCB, fornecendo informações que levaram à prisão, tortura e morte de vários de seus colegas. Ele foi um dos principais agentes duplos do Regime Militar e morreu em 2017, aos 100 anos, sem ser incomodado.
A história do duplo ativismo de Mello revela um fio condutor no livro de Godoy sobre a história do PCB, seus erros na avaliação da situação, descuido com informações confidenciais e crenças irrealistas em uma revolução proletária. A má avaliação da correlação de forças levou ao fracasso da Intentona de 1935, que deixou quase 100 mortos e consolidou o anticomunismo nos quartéis até hoje, e também ao despreparo para o golpe militar de 1964. Tendo por mais de uma década entre os seus líderes, um agente duplo apenas coroa uma história de erros.
Em três ocasiões – 1936, 1964 e 1975 – o Exército obteve arquivos detalhados do Partido produzidos internamente, com detalhes que muito ajudaram na ação de repressão. Confiante na vitória de Jango em 1964, Prestes fugiu, abandonando 20 cadernos, com 3.426 páginas com os nomes dos dirigentes, o que haviam dito e os planos do partido ao longo dos anos.
Em maio de 1947, quando o Tribunal Superior Eleitoral julgou se a legalidade do Partido permanecia, os dirigentes estavam tão certos da vitória que não se prepararam. Confiaram nas promessas do presidente Eurico Dutra e do governador Adhemar de Barros e acabaram com o partido ilegal, os parlamentares cassados e todos os membros sob intensa perseguição. Proscrito, o Partido radicalizou-se. Retirou-se das políticas de aliança com a “burguesia progressista” como forma de “contenção das massas proletárias”. “Era a época em que um comunista não podia ter um amigo que fosse um ‘canalha trotskista’; se o trotskista fosse parente, os comunistas teriam que sair de casa. Casar só depois que a festa tiver abençoado a união”, escreve Godoy. Em Minas Gerais, inspirados pela revolução chinesa, militantes tentaram criar uma área livre no Triângulo Mineiro. Quase todos acabaram na prisão.
Durante o governo Goulart, o PCB incentivou a sindicalização dos militares para infiltração nos quartéis. A quebra da hierarquia interna foi um dos vetores da radicalização dos oficiais golpistas. “O partido não entendeu que foi em defesa da ordem e da disciplina no quartel que o marechal Teixeira Lott depôs dois presidentes em 1955, desrespeitando a Constituição. Insistiam na imagem de um general democrático que resistiria, enquanto enfrentavam um líder conservador”, escreve Godoy. Duas semanas antes do golpe, o líder comunista Luís Carlos Prestes defendeu a reeleição ilegal do presidente Jango Goulart. “O povo saiu às ruas para perguntar ao presidente da República se ele está disposto a se colocar à frente do processo democrático e revolucionário que avança”, disse Prestes, referindo-se ao comício de Jango na Central do Brasil, que selou o golpe.
A ação de infiltrados como Mello acabou com o Partido na década de 1970. Quando a amnistia chegou, em 1980, os anos de exílio e clandestinidade tinham reduzido o partido a um grupo de velhos militantes amargurados. O PT rapidamente assumiu a hegemonia na esquerda e o fantasma comunista passou a existir apenas na paranóia e nos discursos da direita radical.
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