Ministro da Fazenda afirma que Bolsonaro “tem bronca” com a Receita Federal por causa de investigações feitas sobre a família dele

Ministro da Fazenda afirma que Bolsonaro “tem bronca” com a Receita Federal por causa de investigações feitas sobre a família dele


“Bolsonaro está um pouco atrasado nisso. O PL financiou o vídeo do Nikolas, e Duda Lima, marqueteiro do Bolsonaro, foi quem o produziu”, disse Haddad. (Foto: Diogo Zacarias/MF)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, responsabilizou Jair Bolsonaro pela repercussão negativa do anúncio da norma que ampliou a fiscalização da Receita Federal nas transferências via Pix, que acabou sendo revogada pelo governo federal na última quarta-feira (15), justamente após as críticas.

“Bolsonaro está um pouco atrás disso. O PL financiou o vídeo do Nikolas, e Duda Lima, marqueteiro de Bolsonaro, produziu”, disse Haddad nesta sexta-feira (17), em entrevista à CNN Brasil. Ele não forneceu evidências do relacionamento.

O petista referiu-se a uma publicação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) com questionamentos sobre a iniciativa do governo Lula. O vídeo tem mais de 315 milhões de visualizações no Instagram e foi associado por analistas à reversão da medida.

Para Haddad, o suposto envolvimento de Bolsonaro foi motivado pelos problemas do ex-presidente com a Receita Federal. “Acho que ele está sendo repreendido pela Receita Federal, porque descobriu o roubo das joias e abriu investigação sobre os mais de 100 imóveis adquiridos pela família Bolsonaro sem fonte de renda para isso. Os Bolsonaros têm um problema com a Receita Federal”, disse.

Responsável por anunciar a revogação, Haddad argumentou que a regra de fiscalização não tinha como alvo as transações feitas por trabalhadores autônomos ou pequenos comerciantes, mas sim sonegadores. “Ninguém está falando [em aumentar a fiscalização sobre] na banca do mercado, no vendedor ambulante, no Uber. Queriam vender a tese de que a Receita Federal, com os poucos funcionários que tem, vai fiscalizar os pequenos negócios”, afirmou.

A estratégia do governo foi mal avaliada por interlocutores do Palácio do Planalto devido ao risco de minar a credibilidade do governo. Na entrevista desta sexta, Haddad disse que os dirigentes deveriam se antecipar aos “mentirosos” antes de fazerem declarações públicas.

Mudanças

O episódio de mudanças nas regras de monitoramento de transações financeiras nas instituições de pagamento criou um grande problema para o governo no início do ano. As redes sociais foram inundadas com críticas ao presidente Lula e Haddad. Os comerciantes temiam ter que pagar mais na hora de declarar o Imposto de Renda, por exemplo. Começaram a implementar medidas para cobrar mais no Pix ou menos nos pagamentos à vista.

A mudança nas regras determinou que o Fisco monitorasse com lupa quem movimenta mais de R$ 5 mil por mês por meio de pagamentos digitais. Isto não significa que tenha sido criada uma taxa governamental por operação, como relatam publicações nas redes sociais que encurralaram o governo e forçaram um recuo.

A ideia era ter uma fiscalização intensa, o que facilita a identificação de quem não paga tributos e pode gerar mais custos na declaração do Imposto de Renda, além de facilitar a queda na “rede multa”.