Evidenciado há décadas como um dos temas mais importantes da política mineira, a dívida do estado com a União ganhou ainda mais destaque esta semana após a sanção parcial do Programa de Pagamento Integral da Dívida (Propag) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT ). Em entrevista ao EM, o Secretário de Estado das Finanças Luiz Cláudio Gomes, explicou as reações imediatas do governador Romeu Zema (Novo) aos vetos vindos do Planalto, projetou um ano de ajustes no novo modelo de pagamento da dívida, e também comentou sobre os impactos da reforma tributária e da recente polêmica envolvendo o governo federal e políticas relativas ao PIX.
Gomes detalhou a insatisfação do governo estadual com o veto de Lula a um trecho do Propag que ampliava as condições de estados que já operam no Regime de Recuperação Fiscal, como Minas Gerais, ao migrarem para o Propag. Com a rejeição presidencial publicada no “Diário Oficial da União” (DOU) desta terça-feira (14/1), Minas precisará recalcular o impacto da adesão ao plano traçado pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD).
No dia seguinte ao desmentido, Zema entrou na internet para dizer que o veto em questão obrigaria Minas a pagar R$ 5,5 bilhões a mais do que o previsto em 2025 e 2026. O governador condicionou inclusive a adesão à Propag à derrubada de vetosmas depois recuou. Gomes explicou o cálculo feito pelo governo.
“Os vetos trouxeram algumas surpresas. A primeira inclusive foi comentada pelo Governador Zema, que trouxe uma dificuldade de curto prazo, pois nos anos de 2025 e 2026 teremos um gasto financeiro maior do que se o projeto tivesse sido totalmente aprovado. […] O veto provocou a retirada das dívidas garantidas, que são dívidas de curto prazo, do bolo da Propag. (Com o veto) teremos que pagá-los no fluxo habitual, sem o benefício da prorrogação de 30 anos prevista na Propag”, pontuou.
Ao não incluir a União como garantidora das dívidas contraídas com instituições financeiras privadas, o valor total que os estados poderão parcelar ao longo de três décadas e com índice de juros reduzido torna-se menor. Além disso, o Estado precisa de pagar as suas dívidas aos bancos num período de tempo mais curto e, portanto, em prestações mais caras.
Filiação até o final do ano
Luiz Cláudio Gomes disse que será necessária uma coordenação para definir os termos de adesão à Propag e que o ministério trabalha agora para que isso seja alcançado até o final do ano, prazo previsto em lei.
“Temos o Regime de Recuperação Fiscal e o Propag. Já estamos dentro do RRF, estamos aprovados, vamos agora analisar o Propag, que ainda depende de regulamentação da União. Existem atos normativos detalhados que terão que sair e esses atos vão mudar as decisões, percepções e análises de como o estado de Minas Gerais poderá aderir à Propag. Felizmente, a própria lei deu até o final de 2025 para que isso acontecesse. De qualquer forma, estamos a todo vapor analisando o que é necessário e quais são os impactos para o estado, mas a frase que vale é: se for melhor para os estados de Minas Gerais, vamos aderir […]. Sim (vamos aderir), ainda temos algumas incertezas por conta do veto por regulamentação.”
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Negociações
O governo de Minas Gerais conseguiu aderir ao RRF por meio de ação no Supremo Tribunal Federal (STF). O caminho pela Assembleia Legislativa estadual (ALMG) foi dificultado por anos de obstrução de agenda e intensa mobilização da oposição e até de parlamentares da base governamental. Já a Propag é vista pelos parlamentares de forma mais condescendente e conta com a boa vontade do presidente da Casa, Tadeu Martins Leite (MDB).
Para aderir à Propag, Minas Gerais também precisará viabilizar a adaptação do estado a partir de projetos aprovados pela ALMG. Gomes desenhou o relacionamento com o Legislativo ao longo do ano.
“Para utilizar os ativos que vão proporcionar o alívio da dívida e atualizar o índice das estatais, bem como aquela lista de ativos que podem ser federalizados, eles devem estar preparados para serem recebidos pela União. Isto requer trabalho de autorização legislativa. É um conjunto complexo de emendas constitucionais e projetos de lei que terão que ser submetidos à Assembleia para aderirmos à Propag. O Governador está conversando com o presidente Tadeu justamente para organizar esse conjunto de iniciativas”, afirmou.
Estatal
A Propag determina mecanismos para que os estados paguem dívidas parceladas em 30 anos e com redução do indexador de juros, atualmente aplicado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Com investimento em áreas estratégicas como criação de vagas para educação profissional é possível reduzir um ponto percentual; outro ponto pode ser reduzido contribuindo para um Fundo Federal de Equalização (FEF).
Outros dois pontos percentuais poderão ser retirados da taxa de juros com a federalização de ativos estaduais no valor mínimo de 20% do estoque da dívida. O valor total da dívida também é amortizado dessa operação, que é foco do governo de Minas Gerais, conforme destacou o secretário da Fazenda.
“Temos nosso negócio de nióbio com a Codemig. Temos empresas estatais como Copasa e Cemig. Outro conjunto de ativos importantes são os imóveis, fluxos de direitos como a Lei Kandir, temos royalties de mineração, temos FCVS, compensação previdenciária. O governador já determinou que deveria haver prioridade absoluta na preparação, identificação e quantificação desses ativos que podem ser utilizados para que possamos reduzir a dívida e conseguir essa indexação mais baixa”, analisou.
PIX e “Fatura de Mineração”
Diante da recente polêmica do Governo Lula com medidas de fiscalização do PIX, atacada por notícias falsas que resultou na revogação do ato administrativo, o secretário destacou que a comunicação sobre a política fiscal deve ser abrangente e falar diretamente à população. “Comunicação não é minha área, mas entendo que políticas públicas bem comunicadas são importantes. Defendo o fim da evasão fiscal, defendo que monitoremos as empresas e os maus contribuintes”, disse.
Para Gomes, a atividade fiscalizadora é uma atividade de defesa do ambiente competitivo e de livre mercado. O secretário de Zema destacou o programa Nota Fiscal Mineira, criado pelo governo de Minas Gerais para incentivar o consumidor a solicitar o documento e cadastrar o CPF, uma medida de educação fiscal para combater a sonegação fiscal.
“É uma política pública em que buscamos combater a sonegação fiscal. O primeiro item dessa briga é que o documento fiscal tenha que ser emitido corretamente. O esforço da Nota Fiscal Mineira é justamente recompensar quem pede a nota fiscal, porque se o contribuinte não pedir a nota fiscal não adianta, aquela transação de compra tem que ser registrada. É uma questão de educação fiscal, porque, mais uma vez, se todos pagam, todos pagam menos. Temos de combater a evasão fiscal, porque desta forma defendemos um ambiente competitivo saudável. Estamos defendendo o correto financiamento das políticas públicas, da saúde, da segurança e muitas outras”, destacou.
“É um item de civilidade. Claro que tem a questão da premiação, mas o mais importante é a comunicação. É essa coisa de educação fiscal, de responsabilidade, de dever constitucional de pagar impostos. Ninguém gosta de pagar impostos, mas temos que ver o quadro completo: pagar impostos é o que permite as políticas públicas, é o nosso contrato social.” acrescentou Luiz Cláudio.
Reforma tributária
Comentando o ato da Secretaria que no final de 2024 revogou 27 normas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Minas Gerais, Luiz Cláudio Gomes defendeu a desburocratização do Estado como forma de atrair investimentos. Segundo o chefe da Fazenda mineira, a norma cria a judicialização de processos tributários, impactando negativamente a arrecadação de receitas. Nesse sentido, defende a Reforma Tributária como forma de simplificar o sistema.
“A Reforma Tributária vai uniformizar o tratamento tributário no Brasil em nível de estados e municípios. É um grande ato de simplificação, de homogeneização. Por exemplo, se você tivesse uma empresa nacional, teria que lidar com 27 modalidades de tributação de ICMS, mais de 5 mil modalidades de ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). A complexidade era brutal. Teremos no Brasil o VAT (Imposto sobre Valor Agregado) mais moderno do mundo”, afirma.
Para o secretário, o Brasil possui boas práticas tributárias em termos de documentação, além de um dos sistemas financeiros mais modernos do mundo. Ainda segundo ele, a Reforma acabará com a guerra fiscal entre os estados ao padronizar o sistema. As exceções “não são ideais”, como explica Gomes, mas uma característica do sistema que ainda precisa ser estudada.
“É claro que existem incentivos fiscais dentro deste novo sistema, mas são uniformes. Esse mesmo incentivo será utilizado no Ceará e em Minas Gerais, por exemplo. Será mais um paradigma, que tenho certeza que levará o Brasil a outro patamar de investimento e bem-estar da população. (…) O ideal seria que tivéssemos um número mínimo de exceções, não foi assim que aconteceu. Um tema importante é a Zona Franca de Manaus em que a quantidade de exceções criou outro sistema tributário para a zona, e teremos que estudar as consequências disso, mas ainda não temos essa resposta”, completou.
PIB
Em 2023, a economia mineira ultrapassou pela primeira vez na história um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 1 trilhão – um aumento de 3,1% em relação ao ano anterior, segundo levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP) . Os dados mostram que o PIB do estado representou 9,5% do total brasileiro e cresceu mais que o país. Para o resultado de 2024, Gomes estima um crescimento acima da média, mas evita fixar um número.
“Minas Gerais tem visto um crescimento do PIB superior às demais regiões do país, justamente pelo ambiente econômico saudável que o governador Romeu Zema conseguiu criar no estado. Você tem o combate à sonegação fiscal, redução da burocracia, segurança jurídica. Todos os dias encontro contribuintes de outros estados que nos comparam com a segurança jurídica que percebem em outras Secretarias da Fazenda”, explicou o secretário.
“Temos um ambiente de portas abertas, de transparência, de simplificação, tudo isso vira segurança para quem quer investir dentro do estado. É por isso que alcançamos um crescimento do PIB diferente em comparação com outras regiões. Não vou me contentar com um número, mas garanto que teremos esse crescimento diferenciado, pela segurança jurídica que o governo consegue implementar dentro do estado”, completou.
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