Governo federal publica medida provisória para reforçar gratuidade do Pix

Governo federal publica medida provisória para reforçar gratuidade do Pix


Medida reforça que transações utilizando ferramenta de pagamento não podem ser tributadas e contam com sigilo bancário

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

MP reforça que as transações realizadas pela ferramenta de pagamento não podem ser tributadas e contam com sigilo bancário (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Após o recuo do Executivo no monitoramento das transações, o governo publicou, nesta quinta-feira (16), a MP (medida provisória) que reforça a gratuidade do uso do Pix, bem como o sigilo bancário que envolve a ferramenta. A nova norma foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

A MP equipara os pagamentos efetuados por meio do Pix em espécie ao pagamento em espécie e esclarece que “não há incidência de tributo, seja tributo, taxa ou contribuição, sobre a utilização do Pix”.

A norma classifica, como prática abusiva, “a exigência, por parte do fornecedor de produtos ou serviços, em estabelecimentos físicos ou virtuais, de preço, valor ou cobrança adicional superior em razão da realização de pagamentos por meio do Pix à vista”.

Determina também que os estabelecimentos comerciais e fornecedores, físicos ou virtuais, deverão informar aos consumidores “de forma clara e inequívoca” sobre a proibição de cobrança de preço superior ou extra, no caso de pagamentos via Pix à vista. Uma norma da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, regulamentará essa norma.

A edição da MP foi divulgada nesta quarta-feira (15) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o anúncio da retirada da fiscalização das transações Pix no valor de R$ 5 mil mensais. A revogação foi decidida após uma onda de notícias falsas e desinformação de que o PIX seria tributado – o que não aconteceria.

Segundo Haddad, a intenção é que a MP seja discutida no Congresso com “sobriedade” e sem “contaminação de fake news”. Em outra frente, na quarta-feira, também foi anunciado que a AGU (Procuradoria-Geral da República) solicitará a abertura de inquérito pela Polícia Federal, a fim de identificar os responsáveis ​​pela produção e divulgação de informações falsas.

As medidas provisórias têm força de lei e entram em vigor assim que são publicadas pelo Executivo. Elas devem, no entanto, ser aprovadas no prazo de 120 dias pelo Congresso Nacional para se tornarem lei definitiva. Se não for votada pela Câmara e pelo Senado no prazo, a MP “caducará” e perderá a validade.

Reação do governo

Impulsionadas por membros da oposição ao governo, as notícias falsas de que o Pix seria taxado cresceram nas redes sociais nos últimos dias. O governo optou por revogar a medida, dada a dificuldade em negar o caso.

A AGU também anunciou que solicitará à Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que apure práticas abusivas nas relações de consumo que levaram à aplicação de golpes relacionados a informações falsas de que o Pix seria taxado.

Criação de Pix

O Pix é um meio de pagamento instantâneo e gratuito, implementado pelo Banco Central em 2020. Foi criado em governos anteriores, mas entrou em vigor na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Na época, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a tributação das transações digitais, mas foi uma votação mal sucedida dentro do governo.