Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, revela que o desemprego global permaneceu estável no ano passado. O mínimo histórico de 5% observado no período deverá permanecer este ano.
A publicação “Emprego no Mundo: Tendências para 2025”, lançada esta quinta-feira em Genebra, prevê um abrandamento económico global de 3,3%, face aos 3,2% do ano passado. No médio prazo, espera-se que a redução gradual deste índice limite a criação de emprego.
Jovens e elevadas taxas de desemprego
A geração de novos empregos continua a ser demasiado fraca a nível mundial para ter um impacto significativo nos défices de trabalho digno. A OIT destaca que os jovens, em alguns países, continuam a enfrentar elevadas taxas de desemprego, em torno de 12,6%, com poucos sinais de melhoria.
A previsão é que a economia global desacelere, impedindo uma recuperação mais forte do mercado de trabalho.
O abrandamento do crescimento económico contribuiu para a estagnação do crescimento salarial, uma vez que os salários reais na maioria dos países ainda não recuperaram das perdas da era pandémica e da inflação que se seguiu.
Aumento do emprego
A participação reduzida na força de trabalho, especialmente nos países de baixos rendimentos, também pesou sobre o crescimento do emprego.
Para o diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo, o trabalho digno e o emprego produtivo são essenciais para alcançar a justiça social e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
O representante defende uma ação imediata para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e criar um futuro mais justo e sustentável, visando “evitar o agravamento da já tensa coesão social, aumentando os impactos climáticos e aumentando a dívida”.
O relatório destaca que as persistentes disparidades de género também continuam a ser uma barreira significativa, com as mulheres a enfrentarem maiores obstáculos à entrada no mercado de trabalho do que os homens.
Persistência da pobreza no trabalho
No ano passado, a lacuna global de empregos foi de 402,4 milhões. A taxa inclui os desempregados, os trabalhadores sem incentivos e os impossibilitados de trabalhar por obrigações de apoio.
A publicação aponta também para a persistência da pobreza laboral, com 240 milhões de trabalhadores em situação de pobreza extrema, especialmente em países de baixo rendimento.
A informalidade também está a avançar, com mais de metade da força de trabalho mundial sem segurança social e proteção jurídica adequadas.
A desaceleração do crescimento da produtividade é vista como um grande obstáculo à expansão das oportunidades de trabalho digno, após uma queda de meio ponto percentual em relação à média de longo prazo antes da pandemia.
Crescimento económico e criação de emprego
Para enfrentar estes desafios, o relatório sugere aumentar a produtividade através do investimento na formação de competências, na educação e em infra-estruturas para apoiar o crescimento económico e a criação de emprego.
A OIT também incentiva a expansão da proteção social para um melhor acesso à segurança social e a condições de trabalho seguras para reduzir a desigualdade.
O estudo revela que os investimentos realizados em energia sustentável e mobilidade criaram 16,2 milhões de empregos, principalmente na Ásia Oriental.
A região concentra cerca de metade das novas oportunidades criadas nesta área, considerada desigualmente distribuída pelo mundo.
Pilares para alcançar os ODS
Os benefícios do trabalho digno foram restringidos noutras economias emergentes e em desenvolvimento. O estudo enfatiza que é necessária a adoção de soluções inovadoras em favor dos avanços na justiça social e no alcance dos ODS.
O documento apela também à eliminação dos obstáculos à transformação estrutural, à redução das desigualdades e à garantia de que as novas tecnologias impulsionem o crescimento da produtividade.
Fornecer competências e educação aos jovens é essencial para a participação bem sucedida do grupo no mercado de trabalho. O relatório sublinha que o trabalho digno e o emprego produtivo continuam a ser os pilares para alcançar os ODS até 2030.
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