‘Grande Sertão’: boas razões para fugir da adaptação de Guimarães Rosa

‘Grande Sertão’: boas razões para fugir da adaptação de Guimarães Rosa



“Viver é um negócio muito perigoso”, afirma Riobaldo repetidas vezes no romance Grande Sertão: Veredas, obra monumental de João Guimarães Rosa (1908-1967). Narrador e protagonista, o jagunço transita por caminhos aparentemente opostos. Da mudança de lealdade a Deus e ao Diabo, refletida em sua transformação de homem da lei em bandido, até sua inesperada paixão por um homem, Riobaldo enfrenta as mudanças de um mundo onde a instabilidade é a regra – isto é, até descobrir que toda dualidade, profunda no fundo, ele se mistura, seja na linha tênue entre o crime e a lei, seja nas definições do que é ou não amor. “Na vida cabe tudo”, dizia.

Lançada em 1956, a obra é um exemplo sagrado do Olimpo da literatura nacional, não só pela sua escrita inventiva e incomparável, mas principalmente pela sua visão aguçada do Brasil e do seu principal mal: o fantasma da violência que, do sertão ao urbano centros, manifesta-se sem freios. O paralelo é o tema do filme Grande Sertão (Brasil, 2024), em exibição nos cinemas. Dirigido pelo pernambucano Guel Arraes, o filme leva a história do cangaço da Bahia, do início do século 20, até uma comunidade moderna, em uma cidade fictícia semelhante ao Rio de Janeiro. Jagunços se transformam em bandidos e traficantes, enquanto os homens que se dizem dentro da lei são policiais corruptos.

Riobaldo é interpretado por Caio Blat —na juventude e, mais tarde, na velhice, com sobrecarga de maquiagem. O objeto de sua paixão, o misterioso Diadorim, está aos cuidados de Luisa Arraes, esposa de Blat na vida real e filha do diretor. O filme não hesita em entregar logo o grande spoiler do livro: Diadorim é uma mulher disfarçada de homem — e Luisa não engana ninguém como representante do sexo masculino. Rodrigo Lombardi, Luís Miranda e Eduardo Sterblitch completam o elenco principal que vai à guerra na disputa pelo poder na favela. O esforço do grupo é claro, mas em vão. Atuações caricaturadas e teatrais fazem do filme um grito sem fim, enquanto a violência estilizada parece fruto de um desenho animado.

O resultado reforça a reputação de “inadaptável” do livro. Até agora, a melhor tentativa foi feita pela minissérie da Globo, de 1985, que durou Grande Sertão do reduto intelectual para transformá-la em trama popular, com Tony Ramos e Bruna Lombardi no elenco —outro Diadorim nada misterioso. Em breve, uma nova adaptação chegará aos cinemas: é Grande Sertão: Quebradas, de Adirley Queirós, do Goiás, que ambientou a história na periferia de Brasília. O tempo dirá se, um dia, uma adaptação estará à altura da grandiosidade do original.

Publicado em VEJA em 7 de junho de 2024, edição nº. 2896



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