Pouco mais de um ano após a aprovação do Pacto Nacional pela Retomada de Obras Inacabadas, menos de 10% das obras em educação foram concluídas

Pouco mais de um ano após a aprovação do Pacto Nacional pela Retomada de Obras Inacabadas, menos de 10% das obras em educação foram concluídas


Os dados mostram que, dos 3.784 imóveis que entraram no programa, apenas 268 foram entregues. (Foto: Divulgação/MPTO)

Pouco mais de um ano após a sanção do Pacto Nacional pela Retomada das Obras Inacabadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, menos de 10% das obras de educação foram concluídas, segundo painel do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os dados mostram que dos 3.784 imóveis que entraram no programa, 268 foram entregues.

A lei, que prevê a retomada de obras inacabadas nas áreas de educação e saúde, entrou em vigor em 1º de novembro de 2023. Só na área de educação, o investimento gira em torno de R$ 4,1 bilhões para construções como creches , quadras e telhados, reformas ou ampliações e novas escolas de ensino fundamental e ensino profissionalizante.

O “pacto” prevê que os projetos sejam concluídos no prazo de dois anos após a sua publicação, com possibilidade de prorrogação uma vez por igual período. Contudo, passado mais de metade do prazo estabelecido, 1.597 projectos educativos estão inacabados e 722 estão paralisados, enquanto 939 estão em curso. Outros 258 foram cancelados nesta área.

A retomada de obras paralisadas por governos anteriores, especialmente na educação, é uma promessa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o início do seu terceiro mandato. Ao longo de 2023 e 2024, o petista criticou diversas vezes seus antecessores em discursos por atrasos em obras financiadas com recursos federais.

“Encontramos no Ministério da Educação, entre creches e escolas; e UBS (unidade básica de saúde) e UPAs (unidades de pronto atendimento) em saúde, mais de seis mil obras paralisadas. E muitos deles tivemos que refazer o contrato para podermos retomá-los”, disse Lula em um dos depoimentos, em julho de 2024.

Dados do FNDE mostram que a cidade com maior número de obras que aderiram ao pacto é Breves (PA), com 28. Nenhuma delas foi concluída até o momento. Segundo informações do Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec), 13 foram interrompidos por quebra de contrato, mas também há casos de falha na execução de serviços e problemas de infraestrutura.

Aval do FNDE

Outro fator que contribui para o atraso no andamento dos projetos é o fato de que, das 3.784 obras em relação às quais os municípios manifestaram interesse em aderir ao pacto, menos da metade (1,4 mil) já recebeu aprovação do FNDE para que haja pode ser algum tipo de adiantamento.

“Desde a criação do pacto, houve uma redução significativa no número de obras educativas suspensas e inacabadas. Em janeiro de 2023, 5.642 obras estavam nesta situação”, disse o FNDE, acrescentando que os projetos retomados incluem “escolas, creches e quadras esportivas, entre outras estruturas essenciais à educação básica”. O Fundo afirmou ainda que atua “no apoio técnico e financeiro aos entes federais para viabilizar a retomada e conclusão dessas obras” e que a responsabilidade pela execução e entrega é dos estados e municípios.

O governo reforça ainda que a execução —incluindo licitação e construção— é de responsabilidade de estados e municípios, e que, fora do âmbito do pacto, o governo Lula “já entregou 631 obras educativas em 2023, com investimento de mais de R$ US$ 650 milhões em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal”.

Entre os estados, o que tem maior número de obras no plano é o Maranhão, com 737. Até o momento, apenas 37 delas foram concluídas na região, enquanto 205 estão paralisadas ou foram canceladas. Entre as obras paralisadas no estado está uma creche no Lago do Junco, a 318 km de São Luís, avaliada em R$ 1,8 milhão, mas com obras abandonadas pela empresa. As imagens divulgadas na última fiscalização realizada pelo FNDE mostram apenas o esqueleto do que deveria ser uma unidade escolar em funcionamento.

Em Roca Sales, no Rio Grande do Sul, outra escola de 12 salas teve suas obras paralisadas por rescisão de contrato. O convênio da prefeitura com o governo federal, porém, é ainda mais antigo, de 2018. Segundo informações do Simec, o contrato foi assinado em 2020, com previsão de entrega em dois anos, em 2022. Mas, até o momento, apenas 9% do o trabalho foi concluído. Imagens da obra, fotografadas por técnicos do FNDE, mostram que os trabalhadores ainda nem haviam começado a escalar os muros da escola.