01/06/2025 – 15:47
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Pezenti: “O tráfico ilegal ainda representa uma ameaça significativa”
Em dezembro passado, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou o Projeto de Lei 3.284/24, que cria regras para o manejo sustentável do pau-brasil em todo o território nacional, conciliando a preservação da espécie com o desenvolvimento socioeconômico.
O texto aprovado exige que a exploração e comercialização do pau-brasil seja realizada exclusivamente a partir de árvores cultivadas em sistemas agroflorestais ou provenientes de plantios comerciais registrados e licenciados. Os sistemas agroflorestais são modelos de produção que associam árvores a culturas agrícolas e, por vezes, a animais, simultânea ou sequencialmente.
A proposta determina ainda a comprovação do replantio, a manutenção de novas árvores até a idade adulta, além de proibir a extração de árvores com menos de 30 anos.
Autor do projeto, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) defende que o manejo sustentável do pau-brasil é uma forma de garantir a exploração da madeira sem risco de extinção da espécie. Ele lembra que o pau-brasil, pelas características únicas da madeira, é utilizado há mais de 200 anos na fabricação de arcos para instrumentos de cordas com trastes, como violinos e violoncelos.
Atualmente o uso do pau-brasil não é proibido, mas a exploração irregular e o tráfico ilegal ainda representam uma ameaça à preservação da espécie.
Relator na comissão, deputado Pezenti (MDB-SC) destacou o pau-brasil como símbolo nacional. “Foi o primeiro produto explorado economicamente no Brasil colonial, marcando o nome do país até hoje”, disse. E ele concordou com a preocupação do autor. “O tráfico ilegal ainda representa uma ameaça significativa, evidenciando a necessidade de medidas de fiscalização, gestão sustentável e educação ambiental”, argumentou.
O texto aprovado cria a Política Nacional de Conservação do Pau-Brasil (PNCPB), com os seguintes objetivos:
- mapear, monitorar e conservar populações nativas da espécie;
- incentivar o manejo sustentável e a exploração econômica responsável do pau-brasil; e
- combater a exploração ilegal, o tráfico e o comércio irregular da espécie; entre outros.
O projeto prevê ainda a criação de áreas de conservação específicas para proteção do pau-brasil, incentivos financeiros e fiscais para a conservação e manejo sustentável da espécie, além da criação de viveiros e bancos genéticos da planta.
Próximas etapas
A proposta ainda será analisada em caráter conclusivo pelos comitês de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado.
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Reportagem – Murilo Souza
Edição – Georgia Moraes
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