Kamala Harris está ensinando uma lição ao mundo. Infelizmente, nós, brasileiros, não estamos prestando atenção.
Menos de 24 horas após a retirada de Joe Biden, ela uniu o Partido Democrata e mudou o tom da campanha da água para o vinho. Enquanto Biden deu importância a Trump, tratando-o como um bicho-papão destruidor da democracia, Kamala e seu vice, Tim Walz, tratam o ex-presidente como “estranho”, o tipo de pessoa que é melhor manter distância. Alguém cuja eleição poderia ter consequências graves, mas que não é, ele próprio, uma pessoa séria.
Os americanos sempre trataram a política de uma forma leve e divertida, como um partido, mas isso mudou com Trump, um homem taciturno, agressivo e caluniador. A política americana tornou-se um humor deprimido. Mas Kamala, que ri muito, uma risada franca e cheia de dentes, trouxe de volta o bom humor. A palavra mais pronunciada na convenção do Partido Democrata foi “alegria”: a gratidão por ter devolvido a leveza à política era evidente.
“Há algo maravilhosamente mágico no ar, não é? Um sentimento que foi enterrado profundamente por muito tempo. Você sabe do que estou falando”, disse Michelle Obama em seu (espetacular) discurso. Todo mundo sabia. “É a força contagiante da esperança.”
“O candidato democrata defende deixar para trás a polarização e o cinismo e trazer de volta um projeto comum de país”
O candidato democrata defende deixar para trás a polarização e o cinismo e trazer de volta um projeto de país comum, a busca renovada pelo sonho americano, o ideal liberal de liberdade e igualdade. Nos EUA, os Democratas centram-se na igualdade e os Republicanos privilegiam a liberdade, mas a liberdade que Trump defende (tal como Bolsonaro no Brasil) não é a liberdade liberal, que termina quando começa a do próximo. É a liberdade do mais forte oprimir o mais fraco. Kamala, ao enfatizar a liberdade de cada um amar quem quiser, de ter ar puro para respirar, de viver sem a ameaça das armas, pegou a bandeira tradicional.
Kamala continua a subir nas sondagens e está à frente nos principais estados. Trump não está conseguindo reagir.
No Brasil, as forças supostamente democráticas estão contra o caminho de Kamala. Lula despreza o centro que lhe garantiu a vitória, arranja brigas com o eleitorado da oposição, recusa-se a defender a democracia na política externa. O PT reconheceu a vitória de Maduro, elogiou a China e assinou um acordo de cooperação com o Partido Comunista do Vietname. A campanha de Guilherme Boulos em São Paulo, numa provocação desnecessária (e eleitoralmente estúpida), entoou o Hino Nacional em linguagem neutra.
O Supremo se envolve na política e continua a avançar o sinal no que pretende ser a defesa da democracia. Alexandre de Moraes ordenou a investigação de mais um (suposto) crime do qual foi vítima e que será juiz e proibiu a entrevista de um homem que manteve preso durante seis meses, até hoje não se sabe o porquê.
O eleitorado paulista responde dando um caminhão cheio de votos a um candidato ainda mais agressivo, mais mentiroso, mais vazio, mais antissistema do que Jair Bolsonaro —que, se eleito, corre o risco de ser o próximo presidente da República. É bom prestar atenção em Kamala antes que seja tarde demais.
Publicado em VEJA em 30 de agosto de 2024, edição nº 2.908
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