06/06/2024 – 19:53
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Juliana Cardoso deve apresentar PL para oficializar data
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados reuniu, nesta quinta-feira (6), ilustradores e cartunistas em defesa da oficialização do Dia Nacional dos Quadrinhos, que será alvo de futuro projeto de lei. Pediram também a aprovação da proposta (PL 6060/09) de estímulo fiscal para editoras que publicam quadrinhos brasileiros.
Rick Goodwin, que foi editor de entrevistas do clássico semanário O Pasquim e hoje é colaborador do Instituto Ziraldo, definiu os fundamentos dessa arte secular e popular com um público cativo.
“Consiste basicamente em uma série de quadrinhos que, colocados em sequência, contam uma história. É um enorme estímulo à imaginação dos leitores. Os quadrinhos são essencialmente interativos”, disse ele.
Apesar de possuir diversas escolas e temáticas, esta arte tende a enfrentar preconceitos e desprezos, que a associam a temas meramente infantis ou como apêndice do gênero literário. O mundo costuma comemorar o Dia dos Quadrinhos, no dia 5 de maio, inspirado no personagem norte-americano Yellow Kid, criado em 1895. Porém, pesquisadores brasileiros encontraram uma publicação bem mais antiga: “As Aventuras de Nhô Quim”, série de quadrinhos de Ângelo Agostini , que apareceu inicialmente na revista Vida Fluminense, do Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1869. Esta data é informalmente considerada o Dia Nacional do Quadrinho desde a década de 1980, com o apoio de cartunistas como Ziraldo, Henfil e Fortuna, entre muitos outros .
Nos próximos dias, a deputada Juliana Cardoso (PT-SP), que costuma usar quadrinhos na comunicação com seus eleitores, apresentará um projeto de lei para oficializar a data.
“Não é apenas um simples dia, mas uma forma de também podermos pensar uma política pública, com um orçamento para que ela chegue ao seu auge”, destacou.
Atualmente, a legislação (Lei 12.345/10) exige um debate público prévio com amplos setores da população antes da proposta de criação de dias comemorativos. Durante audiência na Comissão de Cultura, o cartunista Laerte, com mais de 50 anos de atividade profissional, lembrou que a arte em quadrinhos teve papel fundamental no combate à ditadura militar e na redemocratização do país.
“Tanto que, com o fim da ditadura e da censura, a linguagem dos quadrinhos que prevaleceu e se difundiu foi a linguagem da sátira, da caricatura, da intervenção política”, afirmou Laerte.
Mercado diversificado
A presidente do Instituto Memorial das Artes Gráficas do Brasil (Imag), Daniela Baptista, tenta criar um Museu de Quadrinhos desde a virada do século, mas lamenta a falta de apoio e a baixa preservação do acervo nacional. Daniela exige incentivos para manter a expansão da arte.
“O mercado e a produção feminina atualmente estão super frutíferos, saindo do eixo Rio – São Paulo, que é maravilhoso: Norte, Nordeste, produção indígena com temática indígena, temática ambiental. Todas as agendas estão sendo consideradas”, disse ela.
Daniel Esteves Pereira, do movimento “Quadrinistas Uni-Vos”, concordou.
“Os quadrinhos talvez sejam o principal vetor, por exemplo, de questões sobre feminismo, antirracismo, LGBTQIA+: diferentes vozes produzindo cultura, o que é muito importante.”
Um exemplo é Geuvar de Oliveira, integrante do Coletivo de Quadrinhos e Ilustradores Os Cabrones, que promove a cultura afro-brasileira no Tocantins.
“Quase não vemos quadrinhos de negros. São poucas pessoas, mas não é por falta de capacidade; talvez por falta de oportunidade”, destacou.
Cinema e escola
Os quadrinistas citaram a relevância da arte para o cinema nos Estados Unidos, lembrando que muitos super-heróis de Hollywood nasceram nos quadrinhos.
O presidente da Associação Brasileira de Cartunistas, José Alberto Lovetro, mais conhecido como Jal, também citou a relevância da arte para a educação. Ele lembrou que a ONU já homenageou Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, pelo incentivo à leitura e à alfabetização. Ele também falou sobre pesquisas da Universidade de Brasília (UnB) que mostraram o papel dos quadrinhos na aprendizagem escolar.
Jal também compartilhou sua própria experiência com crianças e adolescentes na Fundação Casa, antiga FEBEM de São Paulo.
“Eles começaram a desenhar sua história em quadrinhos. Isso se transformou em terapia antiviolência.”
Vários ilustradores elogiaram a inclusão dos quadrinhos no Programa Nacional de Bibliotecas Escolares (PNDE), mas também cobraram maior diálogo com o governo federal.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub
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