Câmara aprova projeto que limita o aumento do salário mínimo e restringe acesso ao BPC – Notícias

Câmara aprova projeto que limita o aumento do salário mínimo e restringe acesso ao BPC – Notícias


19/12/2024 – 21h22
• Atualizado em 19/12/2024 – 22h31

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Isnaldo Bulhões Jr., relator da proposta

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (19) o projeto de lei que restringe o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e limita o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo às regras do quadro fiscal (de 0,6% para 2,5% de crescimento da despesa primária), entre outras medidas. O texto será enviado ao Senado.

De autoria do líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), e outros, o Projeto de Lei 4.614/24 foi aprovado com substituir do relator, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)

Este é um dos projetos do governo para reduzir despesas obrigatórias (pessoal, pensões, benefícios sociais) a fim de manter margem para despesas não obrigatórias (programas governamentais, financiamentos e investimentos).

O texto do relator flexibilizou algumas restrições impostas ao acesso ao BPC. No entanto, ele manteve os reajustes do salário mínimo. Isnaldo Bulhões explicou que, no caso do BPC, o texto prevê a obrigatoriedade da biometria para novos benefícios e atualizações cadastrais pelo menos a cada dois anos. “Sem essas modificações, o programa entrará em colapso devido ao crescimento não orgânico dos últimos tempos”, disse Bulhões, que é líder do MDB.

Salário mínimo
Entre 2025 e 2030, o aumento real do salário mínimo deverá seguir a regra do quadro fiscal, que permite um crescimento mínimo de 0,6%.

O aumento real poderá ser maior se a receita primária crescer mais, mas sempre limitada a 2,5% em relação ao ano anterior. Serão afetados todos os benefícios do INSS no valor de um salário mínimo.

O cálculo final dependerá do crescimento da receita primária e do cumprimento ou não da meta fiscal. Se o governo cumprir a meta, poderá aumentar os salários em 70% da variação real da receita; Caso não cumpra, poderá aumentar em 50% essa variação real.

Atualmente, a correção efetiva acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é equivalente à taxa de crescimento real de PIB do segundo ano antes da entrada em vigor do novo salário.

Como o PIB de 2023 que seria utilizado na conta de 2025 foi revisado para 3,2%, a mudança nas regras deverá gerar uma economia de R$ 5,2 bilhões segundo projeções.

Acesso ao BPC
Para a concessão do BPC a pessoa com deficiência, tanto na esfera administrativa quanto na judicial, o texto exige avaliação que ateste deficiência moderada ou grave, de acordo com a regulamentação.

Segundo o relator, essas pessoas “estão mais sujeitas a obstáculos à participação plena e efetiva no mercado de trabalho”.

Até que seja regulamentada a avaliação biopsicossocial exigida pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, a ser realizada por equipe multidisciplinar e interdisciplinar, a concessão do benefício dependerá de:

  • avaliação médica pela perícia médica federal quanto ao grau de incapacidade; e
  • avaliação social do serviço social do INSS quanto a deficiências de longa duração de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

Estas avaliações deverão utilizar instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim.

De qualquer forma, com garantia de confidencialidade, continua a exigência imposta pelo projeto original de registro do código da Classificação Internacional de Doenças (CID) no sistema de informação para concessão do benefício.

Confira os pontos levantados pelo relator:

  • contabilização do BPC recebido por familiar para fins de recebimento de outro benefício por outro familiar;
  • a posse de bens constituiria meio de manutenção;
  • mudanças no conceito de família e residência comum para requerer o BPC;
  • exigência de que a pessoa seja considerada incapaz de viver e trabalhar de forma independente.

Renda familiar
O cálculo da renda familiar considerará a soma dos rendimentos brutos obtidos mensalmente pelos familiares que moram sob o mesmo teto, vedadas deduções não previstas em lei.

Bolsa Família
Para programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, ou de benefícios, como o BPC, que utilizam o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal, a obrigatoriedade de atualização cadastral passa de 48 para 24 meses, seja no momento da concessão ou manutenção do pagamento.

Caso fique comprovado que a pessoa recebeu a notificação e não a atualizou, o benefício será suspenso. A antecedência mínima será de 90 dias, prorrogável uma vez por igual período, exceto para o BPC pago em municípios de pequeno porte, cujo prazo continua sendo de 45 dias.

Também para a concessão, manutenção e renovação de benefícios previdenciários será exigida a apresentação de documento com registro biométrico realizado pelo poder público, na forma da regulamentação.

Nesta altura, Isnaldo Bulhões tinha introduzido uma exceção, isentando pessoas em locais de difícil acesso ou por dificuldades de deslocação por idade avançada ou saúde.

Porém, ao ler o parecer sobre as alterações do Plenário, reformulou o texto para conceder um prazo de seis meses, prorrogável uma vez por igual período, para apresentação do documento com registro biométrico.

No caso de famílias constituídas por uma única pessoa ou de pessoas físicas que vivam sem parentes, o cadastro ou atualização do CadÚnico deverá ser feito na residência da pessoa. Prazos e exceções serão estabelecidos em regulamento.

Da mesma forma, ao invés de dispensar a exigência por idade avançada ou condições de saúde, o texto modificado concede um prazo de seis meses que pode ser prorrogado nessas situações e também se, no local onde você mora, não houver posto de atendimento para atualizar seu registro.

Limite para sair
No programa Bolsa Família, o projeto permite ao Poder Executivo reduzir o valor pelo qual a família pode ser desligada do programa. Em vez de deixar de receber o auxílio quando a renda familiar mensal por pessoa ultrapassar meio salário mínimo, esse valor será considerado o máximo.

O Executivo também poderá reduzir o prazo para recebimento adicional do Bolsa Família até a demissão definitiva. Hoje, a família que ultrapassa a renda média mínima pode continuar recebendo metade do que foi pago por mais 24 meses. Com a mudança, esse prazo poderá ser reduzido por regulamentação.

Cruzamento de dados
As concessionárias de serviços públicos serão obrigadas a fornecer informações dos bancos de dados que possuem para cruzar informações no processo de concessão, manutenção e ampliação dos benefícios previdenciários.

Isto também se aplicará à verificação do local de residência do interessado. A mesma regra se aplicará aos demais órgãos federais em relação ao BPC.

Debate em Plenário
Para a deputada Rosangela Moro (União-SP), o número de beneficiários do BPC aumentou devido a fatores como a longevidade da população, a rapidez da administração pública e até os imigrantes venezuelanos no Brasil. “Não imagino que esse aumento seja culpa das pessoas e das fraudes. A fraude do Bolsa Família não exige perícia como a do INSS para o BPC”, disse.

O relator do projeto, Isnaldo Bulhões Jr., afirmou, porém, que as normas aprovadas irão combater fraudes no BPC. “Para todos os escritórios de advocacia que vivem da criação de mecanismos para contornar o programa, pensado para beneficiar a população mais carente, hoje é um dia muito ruim”, disse Bulhões Jr.

Para o deputado José Guimarães (PT-CE), o texto aprovado preserva os direitos de quem tem acesso ao BPC, combate fraudes e estabelece regras para acabar com a indústria liminar. “As três medidas encaminhadas pelo governo a esta Câmara são a síntese de quem tem responsabilidade social e fiscal pelo país”, disse.

Autismo e Down
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) alertou que pessoas com deficiência leve ficarão de fora do BPC, conforme texto aprovado. “Muitas mães atípicas dependem dos recursos do BPC para terapia, cuidadores, tratamento e de repente perderiam qualidade de vida para seus filhos”, disse ele.

Ela lembrou que as pessoas com síndrome de Down não possuem Registro Internacional de Doenças (CID) e precisam do BPC porque não são aceitas pelo mercado formal de trabalho. “Haverá uma leitura que não é biopsicossocial. Para construir o diagnóstico de uma criança autista é multidisciplinar. O CID não impedirá fraudes”, disse ele.

Para o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), a proposta destrói os direitos dos autistas e das pessoas com síndrome de Down. “Eles estão condenando à prisão perpétua a perda do direito de viver com dignidade, de acesso a um estado de bem-estar social”, disse ele.

Bulhões Jr. respondeu aos deputados Sâmia Bomfim e Duarte Jr. que a utilização do CID como critério para concessão do BPC será válida durante o período de regulamentação da lei que trata da avaliação biopsicossocial. Ele afirmou que futuramente fará um esforço para regulamentar a avaliação biopsicossocial para conceder o benefício.

Segundo a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), a avaliação não será feita apenas pelo CID, mas também haverá uma segunda análise, feita por uma assistente social. “Esta Câmara foi quem mais fez, transformou o projeto que recebemos num monstro. Não é justo que não tenhamos consciência de que, no nosso país, muita gente frauda gente muito pobre”.

Segundo a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), o argumento da fraude não pode ser usado para cortar investimentos. “Não é assim que vamos resolver a situação fiscal brasileira”, disse ele.

Para o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), vice-líder da oposição, o governo ataca os mais vulneráveis, contrariando o discurso de campanha. “Esse projeto não vai fazer nenhum ajuste fiscal, nenhum corte de gastos, apenas atacar os mais pobres”, criticou.

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Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli



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