Dólar cai e fecha a R$ 6,12 após leilões do Banco Central

Dólar cai e fecha a R$ 6,12 após leilões do Banco Central


Na máxima do dia, porém, chegou a R$ 6,3 mil.

Foto: Freepik

Na máxima do dia, porém, chegou a R$ 6,3 mil. (Foto: Freepik)

Após bater recorde de R$ 6,30 pela manhã, o dólar fechou em queda nesta quinta-feira (19), cotado a R$ 6,12. A redução do valor só foi possível graças a dois leilões de dólares realizados pelo Banco Central do Brasil (BC) para aumentar a oferta da moeda norte-americana no país e conter a desvalorização do real.

O dólar caiu 2,32%, cotado a R$ 6,1216. Na máxima do dia, porém, chegou a R$ 6,3 mil. Com isso, acumulou ganhos de 1,44% na semana; aumento de 2,02% no mês; e um aumento de 26,15% no ano. Na véspera, a moeda norte-americana subiu 2,82%, cotada a R$ 6,2672.

O primeiro leilão, por volta das 9h30, vendeu US$ 3 bilhões, mas não foi suficiente para conter o aumento. O BC anunciou então um segundo leilão, no valor de mais US$ 5 bilhões, para as 10h35. Pouco antes das 12h, a moeda americana passou a operar abaixo de R$ 6,20.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quinta-feira que houve uma saída extraordinária de recursos do Brasil no final do ano e, por isso, a instituição decidiu intervir com leilões de venda de dólares. Gabriel Galípolo, futuro chefe da autoridade monetária, disse não ver um “ataque especulativo” contra o real.

“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, uma coisa, coordenado. O mercado geralmente trabalha com posições opostas, tem alguém comprando e alguém vendendo. Quando o preço do ativo [como o dólar] se move em uma direção, há vencedores e perdedores. O ataque especulativo não representa bem como está acontecendo o movimento no mercado hoje”, declarou Galípolo.

Além das declarações dos membros do BC, o foco do mercado continuou no cenário fiscal, com a tramitação dos projetos do pacote de corte de gastos do governo. Na tarde desta quinta, foi aprovado em 1º turno o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que cria novas regras para abonos salariais e amplia a dissociação de receitas da União, o que libera recursos antes destinados a determinadas áreas.

Na quarta-feira, o relator de outro projeto do pacote na Câmara dos Deputados apresentou seus pareceres para que os textos sejam votados na Câmara. O problema é que houve uma “desidratação” de algumas medidas —ou seja, suavizou alguns pontos do texto que poderiam resultar em menos contenção de gastos públicos do que o esperado.

Os investidores acompanham de perto o desenvolvimento das propostas. Existe o receio de que as medidas anunciadas não sejam suficientes para equilibrar as contas públicas e conter o aumento dos gastos governamentais. Novas votações devem ocorrer nesta quinta-feira.

Além do cenário fiscal, o mercado também reflete o relatório de inflação do BC. A instituição admitiu oficialmente que a meta de inflação, em 2024, será novamente descumprida, pelo terceiro ano consecutivo. A meta para 2024 era de 3% e poderia variar entre 1,50% e 4,50% para ser considerada formalmente cumprida.