Estatuto da Igualdade Racial é ‘marco jurídico histórico’, Macaé Evaristo

Estatuto da Igualdade Racial é ‘marco jurídico histórico’, Macaé Evaristo


Após um período de aproximadamente um ano e meio em tramitação, o Projeto de Lei (PL) 817/23, que estabelece o Estatuto da Igualdade Racial no Estadofoi aprovado em definitivo pelo plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (18/12). A votação no 1º turno ocorreu no dia 10. Agora, o texto aguarda a sanção do governador Romeu Zema (Novo).

O PL, de autoria das parlamentares Ana Paula Siqueira (Rede), Andréia de Jesus (PT) e Leninha (PT), além de Macaé Evaristo (PT), que se formou na ALMG para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do governo federal, visa garantir que a população negra e os povos e comunidades tradicionais defendam os direitos individuais, coletivos e difusos, promovam a igualdade e combatam o racismo e a discriminação étnico-racial.

Assim, o texto estabelece regras para a promoção da igualdade racial e ações afirmativas, como a instituição do Sistema Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sisepir), para coordenar, entre o governo estadual, o governo municipal e a sociedade civil, a organização e articulação de programas, ações, serviços e iniciativas para promover a igualdade racial e combater o racismo estrutural, institucional, interpessoal, socioambiental e religioso. Todos esses tipos de racismo estão definidos no texto.

O estatuto prevê ainda, entre outras medidas, a criação de um fundo voltado para oportunidades de emprego e renda e a expansão das escolas quilombolas. Os recursos para implementação dessas ações já constarão nos documentos de planejamento e orçamento dos estados e municípios. Além disso, a população negra e os povos e comunidades tradicionais receberão registros de ocorrências de racismo envolvendo a prestação de serviços públicos. Os dados serão fornecidos pela Provedoria Geral ou outro serviço com tais responsabilidades.

Autores comemoram

Macaé Evaristo comemorou a aprovação do texto. “O Estatuto abre um grande caminho para a inclusão da população negra em nosso estado e para o respeito, a recuperação e a proteção da memória e da história da nossa população”, comentou o Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania. Ela também avaliou o Estatuto da Igualdade Racial como “um marco jurídico histórico, fundamental na legislação mineira”.

O ministro lembrou ainda que Minas Gerais tem população majoritariamente negra. No Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2022, 46,8% dos entrevistados no estado se declararam pardos e 11,8% negros. A soma destes dois grupos representa 58,6% da população local, percentagem que corresponde a 12 milhões de pessoas, num universo de 20,5 milhões de habitantes.

“Um estado que tem maioria de população negra, pela primeira vez, faz esse reconhecimento e constrói uma legislação que garanta proteção, que combata a discriminação e que represente uma abertura de caminho para a instituição de políticas afirmativas, políticas de redução das desigualdades nos mais diversos áreas, desde educação, saúde, acesso ao mercado de trabalho, políticas sociais e culturais”, destacou Macaé Evaristo.

Deputadas Andréia de Jesus (PT), Leninha (PT) e Ana Paula Siqueira (Rede), autoras do Projeto de Lei (PL) 817/23, que institui o Estatuto da Igualdade Racial no Estado

Maitê Gugel Rosa/ALMG

A deputada Leninha (PT) destacou que a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial é “uma entrega muito importante para as crianças mineiras” e disse esperar que o governador sancione o texto sem vetos. “É o estado de Minas Gerais buscando fazer uma reparação histórica com o estatuto, que prevê muitas ações para que, de fato, transformemos tudo o que discutimos, efetivamente, em termos de políticas públicas para o nosso povo negro”, observou .

Para o parlamentar, o próximo passo, após a sanção, será levar a questão da igualdade racial às esferas municipais. “Acredito que esse estatuto vai ajudar os municípios também a terem políticas municipais próprias, mas, mais do que isso, terão um orçamento”, disse Leninha, destacando que o texto prevê mecanismos para que recursos específicos cheguem às prefeituras.

Ana Paula Siqueira (Rede) chamou o Estatuto da Igualdade Racial de “importante plataforma política” e destacou que os autores do texto, inclusive ela, são os primeiros representantes negros da ALMG. “Ele (o PL) reflete a força da participação popular; reflete a força de uma parcela importante da nossa população que, durante anos, séculos, ficou invisibilizada em todos os processos de formatação de políticas públicas”, declarou.

O deputado da Rede também considerou as consequências que o estatuto deverá trazer aos municípios mineiros, de forma a beneficiar a população negra e os povos e comunidades tradicionais. “Ele (o PL) traz diversas ações, dentro das mais diversas políticas, saúde, educação, segurança, assistência social, habitação, saneamento básico; Então, isso vai apontar melhores caminhos para que possamos, de fato, oferecer essas políticas”, completou.

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Por sua vez, Andréia de Jesus (PT) destacou que o estatuto confronta diretamente o racismo. “Estamos falando em quebrar estruturas por dentro e demonstrar: o racismo existe e Minas Gerais reproduz o racismo em suas práticas e estruturas; e podemos resolver isso com políticas públicas. Quer dizer, não é um problema individual, mas sim um problema coletivo.” (Com informações da ALMG)



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