Movimentos sociais cobram revisão das concessões dos serviços de água e saneamento à iniciativa privada – Notícias

Movimentos sociais cobram revisão das concessões dos serviços de água e saneamento à iniciativa privada – Notícias


18/12/2024 – 20h34

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Audiência discute impactos da privatização dos serviços públicos de saneamento

A Rede Popular de Saneamento e Vigilância em Saúde solicitou nesta quarta-feira (18), na Câmara dos Deputados, a revisão imediata dos contratos de concessão de serviços públicos feitos com base na Lei de Saneamento Básico (14.026/20), em vigor desde 2020.

O grupo é formado por organizações e coletivos da sociedade civil que lutam contra o que chamam de “mercantilização da água”. Também exigiram transparência na aplicação da tarifa social de água e esgoto.

Representante da rede no Rio de Janeiro, Bruno França participou de reunião na Comissão Participativa de Legislação e resumiu uma série de problemas registrados desde a substituição da Cedae, estatal, pela concessionária Águas do Rio, em 2021.

“O Rio de Janeiro vive atualmente o preço amargo de um processo que vendeu promessas de eficiência e universalização, mas apresentou um quadro de violações, abusos e aumento da vulnerabilidade hídrica. Trouxe escassez crónica, aumento de tarifas e abandono de territórios e populações que mais necessitam. Como aceitar, entre outros pontos absurdos, que uma concessionária esteja autorizada a cobrar taxa de esgoto em áreas onde não há sequer rede?”, disse.

Rio Grande do Sul
O rompimento de adutoras e os frequentes pedidos de reequilíbrio financeiro por parte das empresas também foram mencionados pela Rede Popular de Vigilância em Saneamento e Saúde. A reunião contou com a presença de representantes de outros estados com serviços concedidos, como Alagoas, Sergipe e Pará. Vicente Lutz falou sobre a situação do Rio Grande do Sul, onde o consórcio Aegea assumiu a estatal.

Segundo ele, “a lógica de privatização do saneamento tem trazido muitos prejuízos à população gaúcha: desde a desvalorização do preço da empresa até a precariedade dos serviços de manutenção e operação”.

Incompatibilidade
Também integrante da rede, o professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) João Roberto Lopes citou grandes grupos financeiros internacionais que administram as concessionárias e apontou a incompatibilidade desse modelo com a prestação de serviço adequado ao população.

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Lopes: ganho dos acionistas equivale a cinco vezes o investimento na Rocinha

“Estamos a falar do Fundo Soberano de Singapura, do Fundo de Pensões dos Servidores Públicos Canadianos e do BlackRock, que é o maior fundo de investimento do mundo. Estamos falando da Brookfield, fundo canadense, e do Itaú. São os controladores da Aegea, Iguá, BRK e Equatorial, que acaba de assumir a Sabesp. E aí, a lógica financeira preside esses grupos”, disse.

Lopes afirmou que a Águas do Rio distribuiu aos seus acionistas 78% do lucro líquido de R$ 1,2 bilhão que teve em 2023. Segundo ele, o ganho dos acionistas equivale a cinco vezes o investimento previsto para o saneamento da favela da Rocinha em cinco anos. O BNDES foi duramente criticado pelo seu financiamento ao setor privado.

Renacionalização
O presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Glauber Braga (Psol-RJ), organizador do debate, defendeu a renacionalização do setor. “O argumento normalmente utilizado para a privatização é: ‘o Estado não tem recursos suficientes para fazer os investimentos necessários à universalização do serviço’. Mas então, no momento certo, quem pagará pelos investimentos não serão os recursos do sector privado; É o Estado, somos nós. Por que, então, esses empréstimos públicos não são feitos às empresas estatais para que esse investimento possa ser feito pelas empresas estatais de saneamento, como a Cedae e outras empresas?” ele questionou.

A superintendente de saneamento do BNDES, Luciene Machado, afirmou que, apesar do recente crescimento da participação privada no setor, mais de 70% dos serviços permanecem públicos, prestados por municípios ou empresas estatais. Entre os modelos financiados pelo banco, há casos de concessão (como no PA, PE e RO) e parcerias público-privadas (RN e PB), conforme escolha dos próprios estados. Entre as ações para melhorar efetivamente os serviços à população, Luciene Machado defende o fortalecimento da fiscalização por parte da Agência Nacional de Águas e Esgoto (ANA).

A coordenadora de pesquisa do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Fiocruz, Adriana Sotero, pediu que a modelagem de concessões exija detalhamento de investimentos para alcançar a universalização dos serviços de água e esgoto no país. A erradicação de doenças ligadas ao saneamento inadequado também deve ser considerada, segundo Adriana. “O acesso à água, ao saneamento e a um ambiente equilibrado são direitos fundamentais para garantir a dignidade das pessoas”, acrescentou.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Wilson Silveira



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