17/12/2024 – 18h52
• Atualizado em 17/12/2024 – 21h09
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Reginaldo Lopes, relator da proposta
A Câmara dos Deputados aprovou um dos projetos regulatórios da reforma tributária, que havia retornado do Senado com alterações. O texto agora segue para sanção presidencial.
O Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/24, do Poder Executivo, contém detalhes sobre cada regime com redução ou isenção de incidência, restituição de tributos para consumidores de baixa renda (cashback), compras internacionais pela internet e vinculação de mecanismos de pagamento com sistema de cobrança.
Segundo o relator, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o texto alterado pela Câmara beneficia mais a população. “A reforma tributária está reduzindo em 0,7% a carga para todos os brasileiros. O texto do Senado aumenta a alíquota para toda a sociedade”, afirmou.
Lopes propôs, porém, a aprovação da maior parte das mudanças feitas pelos senadores. “Todas as alterações que não aceitamos vão no sentido da manutenção da taxa diretora geral nos 26,5%. Optamos, por exemplo, por restabelecer a incidência do Imposto Seletivo sobre bebidas açucaradas, que tem impacto de 0,07% na taxa geral”, disse.
O projeto regulamenta diversos aspectos da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS), da Contribuição sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (CBS) e do Imposto Seletivo, que substituirá o PISo Cofinso ICMSo ISS e parcialmente o IPI.
A versão aprovada apresentou alterações como:
- devolução de 100% da CBS e 20% do IBS nas contas de energia, água, gás e telecomunicações para pessoas de baixa renda;
- alíquota máxima de 0,25% para minerais – contra o máximo de 1% estipulado pela emenda constitucional;
- Redução de 30% nos impostos dos planos de saúde de animais domésticos;
- todos os medicamentos não listados na alíquota zero terão redução de 60% na alíquota geral; e
- os turistas estrangeiros receberão a restituição desses impostos sobre os produtos adquiridos no Brasil e embalados na bagagem;
- manutenção da alíquota de 8,5% para Sociedades Limitadas de Futebol (SAF).
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Deputados aprovaram projeto em Plenário
Proteína animal
Embora as contas do governo apontassem para um aumento de 0,53 pontos percentuais na taxa geral de imposto, a isenção para carne, peixe, queijo e sal foi mantida no texto final.
Por outro lado, o Plenário da Câmara reverteu a sugestão do Senado e manteve a cobrança do Imposto Seletivo sobre bebidas açucaradas.
Armas e munições ficaram de fora do Imposto Seletivo, que substituirá parcialmente o IPI com alíquotas menores. Desde outubro de 2023, o governo federal restabeleceu a alíquota do IPI sobre armas para 55%. Com o fim da cobrança do IPI em 2027, não haverá substituição de imposto para esses itens.
Como as armas e munições não serão consideradas produtos nocivos à saúde humana, será ainda possível aos beneficiários de reembolsos de impostos (cashback) obterem o reembolso de 20% das taxas CBS/IBS aplicáveis.
Reembolso
Novidade no sistema tributário nacional, a restituição de tributos a pessoas de baixa renda beneficiará o responsável por família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) com renda familiar mensal declarada por pessoa de até meio salário mínimo .
Quem receberá a devolução deverá residir em território nacional e ter CPF ativo, mas o mecanismo envolve compras de todos os familiares com CPF.
As regras para cashback serão válidas a partir de janeiro de 2027 para CBS e a partir de 2029 para IBS.
Um regulamento definirá a forma de cálculo e reembolso, mas o texto já prevê que serviços ou bens com frequência de consumo mensal terão o valor de reembolso concedido na conta, como luz, água e esgoto e gás natural.
Nas demais situações, o governo transferirá o dinheiro para os bancos em até 15 dias após o cálculo, que terão mais 10 dias para repassá-lo aos beneficiários.
Porcentagens mais altas
Quanto às alíquotas, o texto estabelece a restituição de 100% do CBS e 20% do IBS:
- na compra de botijão de gás de 13 kg ou fornecimento de gás encanado;
- contas de água, luz e telecomunicações.
Nos demais casos, a restituição será de 20% do CBS e do IBS, exceto para produtos sujeitos a imposto seletivo (nocivos à saúde e ao meio ambiente).
Por lei específica, cada ente federativo (União, estados, Distrito Federal e municípios) poderá fixar percentuais maiores, incidentes apenas sobre a sua parcela do imposto e diferenciados conforme a renda familiar.
Cesta básica
Na cesta básica, que terá alíquota zero desses impostos sobre o consumo, além de produtos típicos, como arroz, feijão, leite, manteiga, carne e peixe, açúcar, macarrão, sal, mandioca e farinha de milho, o texto inclui outros. Confira:
- fórmulas infantis;
- óleo de babaçu;
- Pão francês;
- grãos de milho e aveia;
- farinha de aveia e trigo;
- mussarela, Minas, Prato, Coalho, Ricota, Provolone, Parmesão, queijos frescos e pretos;
- farinha e massa com baixo teor de proteína;
- fórmulas especiais para pessoas com doenças metabólicas inatas;
- Mate.
Frutas e ovos
Ainda conforme previsto pela própria emenda da reforma constitucional (EC 132/23), haverá redução de 100% nas alíquotas de IBS e CBS para ovos, coco, frutas frescas ou resfriadas e frutas congeladas sem adição de açúcar ou adoçantes.
Quanto aos produtos hortícolas (leguminosas e vegetais), o projecto deixa de fora os cogumelos e as trufas, mas isenta as alcachofras e os espargos, ambos alimentos mais caros e pouco utilizados pela população em geral, justificação utilizada pelo Tesouro para seleccionar os tipos de produtos listados no esta isenção e também uma redução de 60% na alíquota de outros alimentos.
A novidade no texto aprovado é a inclusão de plantas e produtos da floricultura destinados a hortas e cultivados para fins alimentícios, ornamentais ou medicinais (bulbos, mudas, tubérculos, flores).
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, Arthur Lira, conversa com o relator da reforma, Reginaldo Lopes
Redução de 60%
Para outros alimentos que as pessoas consomem com mais frequência, haverá uma redução de 60% nas taxas de imposto, embora nem todos os preços sejam acessíveis ao público, excepto talvez nas regiões costeiras.
Em relação aos crustáceos, por exemplo, ostras, camarões, lulas, polvos e caranguejos serão beneficiados com a redução, mas lagostas e lagostins não terão alíquota menor.
Também nesta lista estão:
- leite fermentado, bebidas e compostos lácteos;
- mel natural, farinhas de outros cereais, amido de milho;
- óleos de soja, palma, girassol, cártamo, algodão, canola e coco;
- massas alimentícias recheadas;
- sucos naturais de frutas ou vegetais sem adição de açúcar, adoçantes ou conservantes;
- polpa de fruta sem adição de açúcar, adoçante ou conservante;
- pão fatiado;
- pasta de tomate;
- grãos de cereais, amendoim.
Produtos naturais
A proposta reduz em 60% a CBS e o IBS incidentes sobre a comercialização de produtos in natura agrícolas, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais, considerados aqueles não submetidos a qualquer processo de industrialização.
Porém, serão permitidos processamentos básicos, como resfriamento, congelamento, secagem, limpeza, trilha de grãos, descaroçamento ou embalagens essenciais para transporte.
A redução aplica-se, portanto, principalmente aos grossistas ou intermediários de produtos desta natureza.
Insumos e pesticidas
Agrotóxicos, insumos agrícolas, fertilizantes, ração animal, material de fertilização, vacinas veterinárias e outros materiais utilizados na agricultura terão redução de 60% nos impostos se registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária.
Com a aprovação do texto do Senado, a lista de produtos ficou mais completa, abrangendo desde melhoramento genético de animais e plantas (transgênicos, por exemplo) até serviços de análises laboratoriais de solo e animais utilizados apenas para reprodução.
Inclui também o licenciamento de direitos de cultivares e serviços diversos, como técnico agrícola, veterinário, agronomia, pulverização de agrotóxicos, inseminação artificial, plantio, irrigação e colheita.
Nova categoria
O texto aprovado inova ao criar uma espécie de nova categoria, chamada de nanoempreendedor, que não precisará pagar IBS e CBS, desde que não tenha aderido ao regime simplificado do microempreendedor individual (MEI).
Para isso, a pessoa física deve ganhar até R$ 40,5 mil por ano (50% do limite para adesão ao Simples).
Debate em Plenário
O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que relatou a mudança constitucional para a reforma tributária, afirmou que o sistema traz simplificação e transparência. “Quando as pessoas dizem que vamos ter o IVA mais elevado [Imposto sobre Valor Agregado] no mundo, hoje temos muito mais e não sabemos quanto pagamos”, afirmou.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reforçou aos deputados que as únicas opções de votação eram o texto da Câmara ou do Senado, sem que houvesse uma versão ideal para atender a todos os interesses. “Em hipótese alguma atenderemos todas as demandas que o Brasil tem, ainda mais em cima das divergências e interesses de grupos, espaços, estados, municípios e situações do manicômio fiscal em que vivemos”, declarou.
O líder petista, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que a reforma produz justiça tributária. “Reduz impostos e alíquotas sobre diversos produtos e serviços.”
O líder do PL, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), criticou a proposta que, para ele, gerará o imposto mais alto do mundo. “Em termos de simplificação tributária, o partido sempre foi a favor. Mas isso vai gerar o imposto mais alto do mundo”, afirmou.
O líder de Minoriaa deputada Bia Kicis (PL-DF), reclamou da falta de simplificação do texto.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), vice-líder da oposição, também criticou o projeto. “Vamos aprovar a taxa de imposto húngara. Mas se tivéssemos serviços húngaros, eu até votaria sim”, disse ele.
Para o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), embora a taxa de IVA possa ser a mais alta do mundo, será reduzida face à realidade atual. “Vamos fazer uma reforma justa e transparente que simplifique o sistema tributário”.
O deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) afirmou que a proposta é a maior e mais importante reforma econômica liberal da história do Brasil. “O projeto reordena o capitalismo brasileiro, que é o pior tipo do mundo. Predatório, com estímulo fiscal para uns e nada para outros, permite litígios, inadimplência e gastos exorbitantes com burocracia.”
Para a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), a reforma tributária deveria atender aos interesses das próximas gerações, mas avaliou que o texto serviu a “jogos de interesses” de segmentos da sociedade. “Estamos falando de algo que era para ser simplificação, justiça tributária e, infelizmente, vemos uma alíquota diferenciada para atender interesses específicos”, disse.
Mais informações em um momento
Saiba mais sobre o processamento de faturas complementares
Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
empréstimo auxílio brasil picpay
emprestimo consignado do inss
empréstimo consignado inss
emprestimo aposentados
simulação picpay
créditos consignados
empréstimos consignados do inss
emprestimo para inss
empréstimo do inss