SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo do presidente Lula (PT) é igualmente aprovado e reprovado pela população ao final do segundo ano de seu terceiro mandato como Presidente. 35% consideram-no excelente ou bom, contra 34% que o avaliam como mau ou péssimo. Outros 29% consideram a gestão regular.
As conclusões da mais nova pesquisa do Datafolha sobre a avaliação de Lula, realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, à primeira vista apontam para um cenário de estabilidade em relação à última rodada, realizada no início de outubro.
Desde então, houve oscilação negativa dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais: a aprovação oscilou um ponto para baixo, e a reprovação, dois pontos percentuais para cima.
A pesquisa, porém, aponta a retomada do pior momento de avaliação de Lula neste mandato: há um ano, o excelente/bom estava oito pontos à frente do ruim/péssimo.
É um cenário semelhante ao registrado por seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que a esta altura do governo tinha 37% de aprovação e 32% de desaprovação.
Comparado a esta fase da série histórica de presidentes eleitos no primeiro mandato, porém, Lula só é melhor que os agonizantes José Sarney (1987) e Fernando Collor (1992).
Se comparado a si mesmo em sua primeira passagem pelo Planalto, Lula leva a melhor: a essa altura do governo, teve 45% de aprovação e apenas 13% de desaprovação. Sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), teve resultado ainda melhor, 63% a 7%, mas acabou cassada em 2016, dois anos depois de ser reeleita.
A favor do petista está o fato de ele estar desfrutando de um terceiro mandato inédito. O desgaste, associado à polarização em vigor desde que derrotou Bolsonaro por 1,8 pontos percentuais de votos válidos no segundo turno de 2022, parece inevitável.
No campo da empatia, o período de internação hospitalar para cirurgia de drenagem de um coágulo que pressionava seu cérebro não parece ter influenciado a avaliação do petista. Lula recebeu alta hospitalar no domingo (15).
Desde Outubro, não houve grandes turbulências administrativas, excepto na economia, com o dólar a disparar na sequência da deterioração das expectativas em relação à política fiscal – cortesia do anúncio fracassado do pacote de corte de despesas de Fernando Haddad (Tesouro) e da sua tentativa de compensá-lo com alterações no Imposto de Renda.
Aqui, verifica-se que entre os que se dizem bem informados sobre o pacote, 46% aprovam e 40% desaprovam o presidente.
No IR existe uma divisão. Em relação à isenção para quem ganha até R$ 5 mil, a avaliação continua empatada, mas quem apoia a tributação extra de quem ganha mais de R$ 50 mil aprova mais Lula: 39% a 29%, ante pontuação contrária de 56% a 22% para desaprovação entre aqueles que não concordam com a proposta.
Além disso, os maiores estratos socioeconómicos permanecem semelhantes à média desde as eleições. Lula é mais bem avaliado entre os mais pobres (44%), os maiores de 60 anos (46% excelente/bom), entre os menos escolarizados (53%) e os nordestinos (49%).
Sua desaprovação prevalece entre a classe média que ganha de 2 a 5 salários mínimos (42%), entre os evangélicos (43%), os que têm ensino superior (45%) e os mais ricos (49%).
Outro sinal de alerta para o Planalto está no campo das expectativas. 38% dos entrevistados acreditam que Lula terá um ótimo ou bom restante de mandato, enquanto 34% acreditam que o período será ruim ou péssimo, e 25%, justo. É o pior nível desde o início de Lula 3, quando 50% estavam otimistas e 21% pessimistas.
O olhar pelo retrovisor está estável em relação à pesquisa anterior: 58% acham que Lula fez menos do que podia e 15%, mais. 24% dizem que ele fez o que era esperado.
A crise económica que se delineia ainda não atingiu as preocupações gerais da população. Quando solicitados a nomear espontaneamente o maior problema do Brasil, 21% dos entrevistados disseram que era a saúde. Em seguida vem a segurança pública, com 12%, e só depois a economia, com 9%.
Muito não é verbalizado diretamente. No ranking, vem em seguida a educação, com 8%, e o desemprego, grande indicador da percepção dos problemas econômicos, com os mesmos 8%. A fome e a pobreza, também associadas à economia, vêm em seguida, com 7%.
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A preocupação com a saúde é um clássico na série histórica de avaliações presidenciais do Datafolha.
Houve momentos em que o espírito da época falou mais alto, porém: no final do mandato de Dilma, atormentado por denúncias da Operação Lava Jato, a corrupção estava no topo da tabela, com 37% das menções.
Hoje, Lula tem confortáveis 7% de citações ao tema como o maior problema do Brasil. A essa altura do mandato, Bolsonaro também tinha a saúde como um espinho no sapato, com 30% das menções, mas olhando retrospectivamente parece pouco, visto que se tratava do auge da pandemia de Covid-19.
Neste trabalho, o Datafolha entrevistou 2.002 eleitores em 113 cidades do país.
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