Evo Morales, 65 anos, acorda nesta terça-feira (16/12) com a confirmação de sua prisão preventiva por seis meses determinada pelo Ministério Público.
Ele é acusado de ter estuprado uma adolescente de 15 anos em Tarija, região vinícola localizada 800 quilômetros ao sul de La Paz. Ele é pai de uma menina que hoje tem oito anos, segundo a promotoria boliviana.
O crime teria ocorrido em 2016, época em que Morales presidia o país pela terceira vez, após burlar a Constituição boliviana que só permite dois mandatos consecutivos ou não —ele alegou que a reeleição é um direito humano.”
Morales renunciou três anos depois, em 2019, atribuindo a decisão a um “golpe policial”. Exilou-se no México e depois foi viver na Argentina sob a proteção do governo de Alberto Fernández, que é investigado por acusações de violência doméstica feitas pela ex-mulher.
Líder sindical dos produtores de folha de coca, base da produção de cocaína, a sua carreira política tem sido sustentada, em parte, pelo apoio financeiro do regime ditatorial na Venezuela. Os carros que utiliza na Bolívia, por exemplo, são propriedade da petrolífera estatal venezuelana PDVSA.
Em Buenos Aires, Morales também enfrenta acusações de abuso sexual de menores, com agravamento de tráfico de pessoas supostamente para prostituição.
Os procuradores argentinos identificaram quatro vítimas adolescentes, todas bolivianas, com quem o ex-presidente conviveu durante o período em que esteve no país — “o pior dos crimes, em nosso solo”, disse a ministra da Justiça argentina, Patricia Bullrich.
A acusação envolve dois ex-assessores presidenciais como responsáveis pelo trânsito ilegal de vítimas da Bolívia para a residência temporária de Morales na Argentina: seu primo, Hernán Solís Morales, e o ex-militar Rurig River Covarrubias.
O ex-presidente da Bolívia nega tudo. Ele culpa o governo de Luis Arce, com quem disputa o controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS), por supostas manobras no Judiciário dos dois países para neutralizá-lo e impedir sua candidatura presidencial em 2025, embora a Constituição proíba a eleição para outro mandato .
Morales fez dos seus 13 anos como presidente da Bolívia uma relação tumultuada com o eleitorado feminino. A grosseria com as mulheres era constante em suas manifestações públicas, como registrou em livro o jornalista Alfredo Rodríguez Peña (“Cem Frases de Juan Evo Morales Ayma para a História”).
Em março de 2010, Morales discursava no 16º aniversário da fundação do MAS e decidiu destacar um programa governamental de assistência financeira para mães solteiras: “Quando vou às aldeias, todas as mulheres estão grávidas e na barriga diz: ‘ Evo cumpre’”.
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