Defesa de Braga Netto diz que vai provar que ex-ministro não atrapalhou investigações

Defesa de Braga Netto diz que vai provar que ex-ministro não atrapalhou investigações


Braga Netto foi preso preventivamente na manhã deste sábado.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Braga Netto foi preso preventivamente na manhã deste sábado. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A defesa do general reformado Walter Souza Braga Netto afirmou neste sábado (14) que comprovará que o ex-ministro não agiu para obstruir as investigações do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado em 2022.

Braga Netto foi preso preventivamente na manhã deste sábado —a pedido da Polícia Federal e por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido encaminhado pela PF ao Supremo afirma, entre outras coisas, que o ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro agiu para dificultar as investigações, buscando os investigados e tentando ter acesso a Colaboração premiada de Mauro Cid. .

A Polícia Federal (PF) também argumentou que a liberdade dos militares representaria um risco à ordem pública pela possibilidade de voltarem a cometer atos ilícitos. Na primeira manifestação após a prisão de Braga Netto, os advogados afirmaram que se manifestarão nos “processos após terem pleno conhecimento dos fatos” que levaram à prisão do militar.

“Acreditando na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve obstrução às investigações”, diz comunicado assinado pelos advogados Luís Henrique César Prata, Gabriella Leonel de S. Venâncio e Francisco Eslei de Lima.

O general da reserva já havia sido indiciado pela PF, no mesmo inquérito, em novembro deste ano. Ele é um dos acusados ​​de participar do planejamento de um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao STF, investigadores da Polícia Federal apontaram “provas fortes e robustas” de tentativas de Braga Netto de pressionar membros das Forças Armadas a aderirem à trama golpista.

Afirmam também que houve ações do general da reserva para obter informações sobre a premiada colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de campo de Bolsonaro.

A PF destacou que o vice-candidato de Bolsonaro também:

– teve participação relevante em atos criminosos. Nas palavras de um investigador, ele era “o líder, o mandante do golpe, mas sob o comando de Bolsonaro”;
– ações ilícitas coordenadas realizadas por militares treinados nas Forças Especiais (os chamados “crianças negras”);
– entregou dinheiro num saco de vinho para financiar as operações;
– tentou obter dados confidenciais do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de campo de Bolsonaro;
– tentou controlar as informações prestadas e alinhar versões entre os investigados; e
– atuou de forma efetiva na coordenação de ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro Alexandre de Moraes.

Walter Souza Braga Netto foi preso na manhã deste sábado, em seu apartamento em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, o carro da PF chegou pouco depois das 6h. Agentes da Polícia Federal deixaram a residência do militar da reserva por volta das 7h. Foram apreendidos documentos e o celular do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Braga Netto foi levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, e depois para a Vila Militar, na Zona Oeste da cidade.

Leia a íntegra do comunicado divulgado pela defesa de Braga Netto à imprensa:

“A defesa técnica do General Walter Souza Braga Netto tomou conhecimento parcial, na manhã de hoje (14/12/2024), do Pet. 13.299-STF.

Ressalta-se que a Defesa se manifestará sobre o caso após ter pleno conhecimento dos fatos que deram origem à decisão tomada.

Porém, acreditando na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve obstrução às investigações.”

Os advogados Luís Henrique César Prata, Gabriella Leonel de S. Venâncio e Francisco Eslei de Lima assinaram o comunicado.