Dólar sobe e fecha a R$ 6,03, com receios por cenário fiscal; Bolsa brasileira cai

Dólar sobe e fecha a R$ 6,03, com receios por cenário fiscal; Bolsa brasileira cai


A moeda norte-americana avançou 0,43%, cotada a R$ 6,0347. (Foto: Reprodução)

O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (13), mesmo após a intervenção do Banco Central do Brasil (BC) no mercado de câmbio. Durante a tarde, a instituição realizou novo leilão à vista da moeda norte-americana, com o objetivo de conter a desvalorização do real. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fechou em queda.

No cenário doméstico, os investidores continuaram acompanhando as novidades, em meio a preocupações com a desidratação do pacote fiscal do governo no Congresso Nacional e diante das novas mudanças na reforma tributária.

Além disso, a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (pp), continuou pesando no mercado, principalmente após sinalizar uma política mais dura de juros à frente para parte do BC.

O estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e novos dados econômicos locais e internacionais também estiveram no radar.

Dólar

O dólar subiu 0,43%, cotado a R$ 6,0347. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0770.

Com o resultado, acumulou: queda de 0,60% na semana; aumento de 0,57% no mês; aumento de 24,36% no ano.

Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,69%, cotada a R$ 6,0091.

Ibovespa

O Ibovespa caiu 1,13%, aos 124.612 pontos.

Com o resultado, acumulou: queda de 1,06% na semana; perda de 0,84% no mês; queda de 7,13% no ano.

Na véspera, o índice caiu 2,74%, aos 126.042 pontos.

O que está movimentando os mercados?

Nesta sexta-feira, o BC anunciou uma nova intervenção no câmbio – e, com isso, conseguiu ao menos aliviar o ritmo de valorização do dólar, que chegou a R$ 6,07. O leilão de venda da moeda norte-americana, realizado esta tarde, teve nove propostas aceites, num total de 845 milhões de dólares.

No cenário doméstico, o mercado financeiro tem se preocupado com os sinais de que o pacote fiscal recentemente anunciado pelo governo federal poderá enfrentar resistência no Congresso Nacional.

Os indícios de que o clima para votação de medidas de contenção de custos desmoronou no Legislativo federal cresceram nos últimos dias, principalmente após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que estabeleceu regras mais rígidas para o pagamento de emendas parlamentares.

As emendas parlamentares são recursos pagos pelo governo a deputados e senadores para financiar obras em seus estados. O STF entendeu que era preciso dar mais transparência ao processo, desde a identificação do parlamentar que destina os recursos até o rastreamento de onde o dinheiro está sendo aplicado.

Mas o Congresso não gostou das regras e viu a atuação do STF como uma interferência no Legislativo, orquestrada com o governo. Com isso, a Câmara não analisou esta semana, ao contrário do que queria o governo, o pacote de ajuste fiscal, uma das prioridades do Palácio do Planalto para este final de ano.

Na tentativa de superar os atritos, o governo publicou nesta quarta uma portaria para orientar o pagamento das emendas de forma que – na visão do governo – não desobedeça às regras do STF nem desagrade os parlamentares.

Por isso as portarias trazem interpretações governamentais para as normas do STF. A expectativa é que o governo libere R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares ao Congresso até esta sexta-feira (13).

Além disso, outro ponto que continua pesando nos mercados é a quantidade de alterações que o Senado fez na reforma tributária – o que aumentou as estimativas para o novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

Por fim, a última decisão do Copom, que elevou a taxa básica para 12,25% ao ano, também permanece no radar dos investidores, em meio à leitura de que os juros elevados penalizam mais alguns setores do que outros – o que poderia penalizar algumas ações da bolsa brasileira.

O mercado também continuou atento à saúde do presidente Lula, que teve que passar por outro procedimento na última quinta-feira para evitar novos sangramentos na cabeça. A intervenção ocorreu pela manhã e, segundo o médico responsável, foi “um sucesso”.

No exterior, o foco foi a divulgação de novos indicadores econômicos nos Estados Unidos e na Europa.