Ministério das Mulheres trabalha para combater desigualdades, diz ministra – Notícias

Ministério das Mulheres trabalha para combater desigualdades, diz ministra – Notícias


05/06/2024 – 19:54

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Cida Gonçalves: ministério lança um olhar sobre a diversidade das mulheres no país

A Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, destacou, na Câmara dos Deputados, que seu departamento trabalha para combater as desigualdades de gênero no Brasil, olhando para a diversidade das mulheres no país, sejam elas moradoras de São Paulo ou aquela que mora em a floresta amazônica.

“Trabalhamos com um conceito de gênero que aborda as desigualdades entre homens e mulheres. É este conceito que estabelece a política pública, que decidirá onde investir mais e onde investir menos. Temos muitas mulheres em situação de pobreza e miséria. Não se trata de discutir o que significa ser mulher, mas de fazer isso pelas mulheres brasileiras”, disse a ministra em debate nas comissões de Trabalho e Defesa dos Direitos da Mulher, nesta quarta-feira (5).

Cida Gonçalves fez a declaração em resposta ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos que solicitou a sabatina. Ele queria saber do ministro qual é o conceito de mulher com que o departamento trabalha.

“O ministério tem usado as mulheres como uma fantasia, um sentimento, um género. Isto é um desrespeito para com as mulheres, impossibilitando a criação de políticas públicas para as mulheres. Se você não sabe o que é uma mulher, como criar políticas públicas para as mulheres? Você vai dar absorventes para mulheres trans?”, provocou a deputada.

Mulher trans, a deputada Erika Hilton (Psol-SP) reforçou que o ministério deve estar empenhado em promover e garantir políticas públicas para as mulheres brasileiras nas suas mais diversas realidades, garantindo a humanidade de todas elas.

“O conceito de mulher não é homogêneo e nunca será. Mulheres brancas, mulheres negras, mulheres asiáticas, mulheres indígenas, mulheres pobres, ricas, rurais, trabalhadoras domésticas. Veja a diversidade. Cis e trans são apenas uma entre uma série de mulheres plurais. Eles são todos importantes. Todos precisam de políticas públicas”, defendeu Erika Hilton.

Ações
Na audiência, a ministra Cida Gonçalves detalhou a atuação do Ministério da Mulher. Os projetos incluem o combate à violência contra as mulheres, cuidados de saúde, direitos sexuais e reprodutivos e dignidade menstrual. A ministra, porém, destacou a igualdade salarial e a política de assistência como duas ações que podem transformar a vida das mulheres brasileiras.

De Lei de Igualdade Salarial, responderam 49.587 empresas que empregam 17,7 milhões de homens e mulheres. Nessas empresas, as mulheres recebem 19,4% menos que os homens. Dados trazidos pelo ministro à Câmara mostram ainda que apenas 32,6% das empresas possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres.

A política de cuidados prevê ações que permitam às mulheres, historicamente vistas como cuidadoras, terem mais tempo para cuidar de si mesmas, o que inclui, por exemplo, a disponibilização de creches ou a consciencialização de que o cuidado de crianças, doentes e idosos deve ser dividido. “Só vão permitir a subida ao poder se retirarem as mulheres das 22 horas extras de trabalho que têm em casa”, exemplificou Cida Gonçalves.

Na opinião da deputada Ana Pimentel (PT-MG), que também sugeriu o debate, a desigualdade entre homens e mulheres é marcada por um fundamento perverso que coloca as mulheres exclusivamente no trabalho reprodutivo.

“O ministério tem enfrentado essa divisão radical entre o trabalho das mulheres e o trabalho dos homens, essa desigualdade estruturante. A história do nosso país assenta num processo de escravização de parte da população”, disse Ana Pimentel.

Aborto
Em resposta à deputada Chris Tonietto (PL-RJ), a ministra Cida Gonçalves informou que a posição do Ministério da Mulher em relação ao aborto segue o que está previsto na legislação. A legislação brasileira permite a interrupção da gravidez em três casos: estupro, risco de morte da gestante e feto anencéfalo.

“Não vamos fazer bandeira. Vamos executar o que está na lei”, disse o ministro.

Transversalidade
Cida Gonçalves destacou ainda a transversalidade nas ações do Ministério da Mulher e o trabalho conjunto com diversas outras secretarias, como Saúde, Cidadania e Justiça. Ela também defendeu a criação de secretarias municipais de mulheres, para melhor executar os projetos desenvolvidos em Brasília. Em abril de 2016, havia 716 secretárias femininas, segundo ela.

“Precisamos ter pelo menos dois mil municípios com secretarias femininas. Não podem ser coordenadores ou conselheiros. Precisa ser uma secretaria que fale com o presidente da Câmara, que fale em igualdade de condições com as outras secretarias”, explicou Cida Gonçalves. “Não posso ter um ministério aqui em Brasília e não ter cobertura no resto do país. A execução está nos municípios.”

Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Ana Chalub



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