Debate sobre redução da jornada de trabalho reúne argumentos diferentes – Notícias

Debate sobre redução da jornada de trabalho reúne argumentos diferentes – Notícias


12/03/2024 – 19:13

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Negromonte: “É possível chegar a um consenso”

A ideia de reduzir a jornada de trabalho no Brasil sem reduzir salários ou afetar a economia foi debatida na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (3). A pedido do presidente do colegiado, deputado Mário Negromonte Jr. (PP-BA), convidados com diferentes pontos de vista apresentaram seus argumentos.

Para os defensores do fim da escala 6×1 (seis dias de trabalho e um dia de folga), o trabalhador teria mais tempo livre para realizar outras atividades e, estando mais satisfeito, traria ganhos de produtividade ao país. Os críticos da proposta argumentam que haverá custos acrescidos para os empregadores.

Na avaliação de Negromonte é possível chegar a um consenso. “É hora de amadurecer isso e buscar um melhor entendimento para ambas as partes. O trabalhador precisa ter saúde mental e qualidade de vida, mas sem prejudicar a geração de emprego e renda”, afirmou.

Constituição
Atualmente, a Constituição limita a jornada de trabalho a oito horas diárias e 44 horas semanais, o que possibilita um horário de seis dias de trabalho e um dia de descanso. O mesmo texto permite a redução da jornada de trabalho por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Na prática, os trabalhadores brasileiros trabalham em média 39 horas por semana, superior à média mundial de 38,2 horas.

O que está em debate agora é a proposta da deputada Erika Hilton (SP), líder do Psol, de reduzir a jornada de trabalho para até oito horas diárias e 36 horas semanais, com quatro dias semanais e três dias de folga. O texto precisa do apoio de 171 deputados para começar a tramitar na Câmara.

Custos
A primeira observação da superintendente de Relações do Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sylvia Lorena, sobre a proposta de Erika foi que oito horas em quatro dias por semana reduziriam a jornada de trabalho para 32 horas semanais, e não para 36. O resultado 36 horas, segundo Sylvia, de qualquer forma, seria um aumento de custos sem compensação produtiva e sem comprovação de ganho real para a sociedade.

“O aumento direto estimado nos gastos com empregados formais apenas para a indústria seria de R$ 113 bilhões. Para o setor público, na mesma hipótese de duração limitada a 36 horas, a estimativa seria de R$ 70,8 bilhões”, disse o representante da CNI.

Sylvia Lorena defendeu prioridade, neste momento, ao crescimento estruturado, ao equilíbrio fiscal e aos investimentos em educação e tecnologia de qualidade, que são os alicerces para a geração de empregos de qualidade. Ela lembrou ainda que os países que reduziram a jornada de trabalho o fizeram devido ao aumento da produtividade acumulada ao longo dos anos, o que não seria o caso do Brasil.

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Lopes lembrou que o comércio abrange as mais diversas atividades

Por sua vez, o advogado da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Roberto Lopes apontou a necessidade de observar as diferenças regionais do Brasil para fazer qualquer reajuste de jornada de trabalho. Existem regiões turísticas que apresentam uma economia em franca expansão no verão ou no inverno, por exemplo.

“Não podemos deixar de lado as diversas atividades comerciais. Representamos os setores de combustíveis, bares e restaurantes, turismo, vigilância e segurança. Existe uma série de atividades econômicas. Esse tipo de redução pode ter impacto”, considerou o advogado.

Roberto Lopes lembrou ainda que a Lei 12.790/13, que regulamenta o exercício da profissão comercial, já permite jornada de trabalho de seis horas e redução por meio de negociação coletiva.

Maior produtividade
A favor da redução da jornada de trabalho, o coordenador-geral de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Marco Antonio Costa, enumerou maior produtividade proveniente de um trabalhador mais descansado e motivado, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, saúde mental, participação em atividades culturais , melhoria educacional e criação de novos empregos, com benefícios para a economia.

“A redução da jornada de trabalho não deve ser vista apenas como um ajuste técnico, mas como uma política de valorização do trabalho humano”, afirmou Costa.

Redução gradual
Autor de uma proposta de redução já em análise na Câmara (PEC 221/19), o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) defendeu uma escala 5×2 e um prazo para implementá-la. A PEC apresentada por ele reduz a jornada de trabalho de 44 para 36 horas, num período de dez anos.

“Continuo defendendo a transição. Vamos supor oito anos de transição. Uma hora por ano. O impacto é diluído e reduz qualquer possibilidade de impacto da inflação”, defendeu o parlamentar.

O secretário de Assuntos Jurídicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Valeir Ertle, acrescentou que a redução da jornada de trabalho é uma luta histórica dos sindicatos. A viagem, segundo ele, teria que ser de pelo menos cinco dias de trabalho e dois dias de descanso.

Reportagem – Noeli Nobre
Montagem – Wilson Silveira



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