O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, afirmou que entre os casos recentes de violência policial, o episódio em que um agente joga um homem de uma ponte no bairro Cidade Ademarno sul da capital, é o mais preocupante. Ele chamou isso de “um erro emocional”.
“Considero um erro básico. Um erro emocional de jogar o menino ali. Foi quase infantil, algo assim. Cometa um erro básico, você será julgado por isso”, afirmou.
O coronel destacou a diferença deste caso em relação aos demais. “Aquela do menino que foi arremessado, acho bastante preocupante. Porque as outras você pode vincular com algum início positivo da ação. para ele ter feito isso lá. Porque a informação que temos é que eles estavam agindo, apreenderam uma motocicleta e depois, sem motivo aparente, ele fez isso lá”, explicou o comandante.
Para ele, o caso é preocupante porque, diferentemente de casos recentes que terminaram em morte, como o que envolveu o estudante de medicina Aurélio Cardenas Acosta, 22, não houve uso de força.
“Este para mim foi o mais marcante de todos. Embora o resultado tenha sido diferente. Mas nos outros o início começa com o uso adequado da força, depois que ela transborda. Este não, este me pareceu um pouco gratuito. E é isso que nos preocupa”, disse ele.
O comandante Cássio diz que a competência emocional só acontece quando o policial tem muita experiência, que adquire essa característica ao longo dos anos de trabalho.
“Posso treinar competência emocional, mas não posso ensinar na cadeira da escola. Como treinar competência emocional? colocar um policial mais experiente, trabalhando com policiais jovens, para que ele possa continuar esse aprendizado”, explicou.
O comandante afirmou que a instituição é técnica e que nesses recentes episódios de violência policial houve falhas que causaram danos colaterais – como são chamadas as mortes.
“Não estamos justificando a ação, lamentamos muito. E lamentamos desde o primeiro momento, lamentamos a morte desse menino [estudante de medicina] e todos os episódios em que tivemos esse dano colateral, lamentamos. O comando da instituição pede desculpas quando necessário”, afirmou.
No entanto, ele afirmou que evita se posicionar quando há investigação. “Isso não é bom para o processo de investigação e também não é bom para o processo de defesa e acusação do povo. Se não fosse esse posicionamento já teríamos pedido desculpas mais de uma vez”, declarou.
O comandante afirmou que será implementado um novo programa para reduzir os danos colaterais. A medida foi decidida após a morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, no dia 5 de novembro, no Morro de São Bento, em Santos, litoral de São Paulo. A criança foi baleada por um policial durante um confronto com criminosos.
“Isso foi bastante emblemático para mim, por isso tomei a decisão de combinar esses treinamentos e fazer algo específico para que possamos entender melhor a possibilidade de danos colaterais. e ter a possibilidade de ter danos colaterais. A polícia já faz isso, mas agora quero sistematizar o treinamento”, explicou o comandante.
De janeiro a setembro, um total de 474 pessoas foram mortas por policiais em serviço em todo o estado. No mesmo período do ano passado ocorreram 261 mortes, o que significa um aumento de 81% na letalidade. Para o comandante, esse crescimento se deve ao aumento das operações.
“Atribuo esse aumento ao fato de termos intensificado nossas ações. E agora, espero que no ano de 2025 a gente veja uma queda nisso. mais que o criminoso norte-americano, por exemplo, você tem uma coisa interessante, a cada 17 confrontos, só em um deles eu tenho a morte do criminoso”, afirmou.
O comandante disse estar orgulhoso da corporação.
“Hoje tenho muito orgulho, estudo muito as polícias de outros países. Hoje, se você citar qualquer polícia moderna, qualquer uma que você nomear, a PM de São Paulo não fica um milímetro atrás”, afirmou.
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