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A Editorial Sul
| 4 de junho de 2024
Parlamentares contrários à PEC alegaram que a matéria é inconstitucional e um retrocesso na política sobre drogas.
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados
Parlamentares contrários à PEC alegaram que a matéria é inconstitucional e um retrocesso na política sobre drogas. (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)
Um pedido coletivo de vista adiou, nesta terça-feira (4), a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que criminaliza a posse ou porte de qualquer quantidade de droga ou narcótico
O parecer do relator, deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), argumentou que a PEC é constitucional.
“Quem vende é criminoso, mas quem compra também deve ser considerado como tal, caso contrário, ao não o fazer, haverá um claro desequilíbrio e consequente incentivo ao mercado de drogas ilícitas”, explicou.
Parlamentares contrários à PEC alegaram que a matéria é inconstitucional e um retrocesso na política sobre drogas. Para o parlamentar Orlando Silva (PCdoB-SP), a PEC piora a segurança pública no país.
“[O efeito da PEC] seria a expansão do encarceramento em massa de jovens negros, pobres e periféricos na população brasileira. Porque não há provas de que mais presos signifiquem um combate mais eficaz à toxicodependência. Pelo contrário, o aumento da população carcerária significa ampliar a base de cooptação de jovens para o crime organizado no Brasil”, argumentou.
A PEC, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi uma reação do Congresso Nacional ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que analisa a possível descriminalização do porte de maconha. No Senado, a medida foi aprovada por 53 votos a favor e nove contra.
A proposta acrescenta um item ao art. 5º da Constituição considerar crime o porte e posse de qualquer quantidade de drogas sem autorização ou em desacordo com a lei.
Pela proposta vinda do Senado, a distinção entre traficante e usuário deve ser observada com base nas circunstâncias fáticas do caso específico, aplicando-se aos usuários penas alternativas à prisão, além do tratamento anti-dependência.
Para o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), a PEC é necessária porque o STF estaria legislando sobre um tema que seria de responsabilidade do Congresso Nacional.
“Aqui é o local para que seja tramitado, corretamente, aqui na CCJ e para a gente vencer essa questão. Então, não tem como, na minha opinião, não debatermos esse assunto”, comentou.
O deputado federal Coronel Fernanda (PL/MT) disse que a criminalização do usuário é necessária para combater o uso de drogas. “Não posso dar-lhes a liberdade de usarem as drogas como quiserem, porque estão a promover o tráfico de droga. Eles estão alimentando o crime”, disse ela.
A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL/SP) argumentou que os usuários são um problema de saúde pública.
“Uma pessoa que tem um problema de saúde simplesmente não procurará tratamento. Porque depois de pedir ajuda ela poderia ser criminalizada, poderia ser processada. Portanto, a criminalização não é uma preocupação do usuário. Deveríamos tratar isso como uma questão de saúde pública e não como uma questão de crime”, comentou ela.
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