Alvo da Polícia Federal, presidente do partido de Bolsonaro é aconselhado a se candidatar para ganhar imunidade

Alvo da Polícia Federal, presidente do partido de Bolsonaro é aconselhado a se candidatar para ganhar imunidade


Presidente do PL está sem mandato desde 2013, quando renunciou ao cargo de deputado em meio ao escândalo do mensalão. (Foto: Reprodução)

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi aconselhado por advogados a concorrer a deputado federal nas próximas eleições. As sugestões ganharam força à medida que a Polícia Federal (PF) avançava sobre o líder partidário e seu entorno.

No dia 21, Valdemar e outras 36 pessoas foram indiciadas pela PF pelos crimes de organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. As penas, somadas, podem chegar a 28 anos de prisão.

Segundo as investigações, que estão no âmbito de uma tentativa de golpe no final do governo de Jair Bolsonaro, o líder do partido agiu intencionalmente e com dados falsos para questionar o sistema eleitoral e incentivar influenciadores a incitarem a população contra o resultado das eleições em 2022.

Valdemar nega as acusações e, segundo informações da revista Veja, disse ter sido alvo de perseguições até pela Justiça americana.

Possível retorno

Valdemar foi deputado por quase 23 anos – foi eleito pela primeira vez em 1990, junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Sua carreira parlamentar foi interrompida, porém, quando ele renunciou ao cargo de deputado após sua prisão ter sido ordenada no escândalo do mensalão.

O líder foi preso em dezembro de 2013, um ano depois foi colocado sob controle domiciliar e em 2016 foi indultado. Após esse período submergiu, mas voltou aos holofotes com a filiação de Bolsonaro ao seu partido.

Há, entre o líder partidário, a certeza de que ele estará entre os alvos preferenciais do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Portanto, a ideia é que Valdemar concorra a deputado em 2026 e conquiste o cargo privilegiado.

Na prática, o processo já tramita em última instância. Porém, como sabemos, a prisão de um parlamentar depende da aprovação dos demais parlamentares –de acordo com a Constituição, deputados e senadores só podem ser presos em caso de prisão em flagrante. Além disso, os parlamentares deverão avaliar se mantêm a decisão judicial ou a revogam.

Há um único parlamentar indiciado no caso, o deputado federal e ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ). Pelo menos até agora, a sinalização de importantes chefes de Câmara é protetora.

Em conversas privadas, Valdemar negou a intenção de ser candidato. Ele afirma que não tem vontade de voltar à política, que esse assunto nunca passou pela sua cabeça e que tem até pavor do plenário. Mas, como sabemos, até 2026 muitas coisas podem mudar.