Moro reage e diz que defesa vai demonstrar ‘improcedência’ de denúncia

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) reagiu à decisão da primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que o tornou réu por calúnia contra o ministro Gilmar Mendes, nesta terça-feira (4/6), dizendo que sua defesa irá demonstrar a “total falta de fundamento” da ação. Segundo o parlamentar, o recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) não envolve análise do mérito da acusação.

Moro foi denunciado por um vídeo de menos de 10 segundos em que aparece insinuando que Gilmar Mendes “vendeu” habeas corpus. No momento da divulgação do vídeo, o ex-juiz da Lava Jato respondeu a uma voz feminina que dizia que ele “subornou o velho”. Sergio Moro ainda responde: “Não, isso é fiança. Instituto. Comprar… comprar habeas corpus do Gilmar Mendes”.

O vídeo foi divulgado em abril de 2023, mas segundo Moro é um conteúdo gravado antes da posse como senador. Na época, a subprocuradora-geral Lindôra Araújo entendeu que a ex-juíza “caluniou” o ministro do Supremo ao “imputar falsamente” o crime de corrupção passiva.

Moro afirmou mais uma vez que se tratava de uma brincadeira feita no contexto de uma festa junina no tradicional jogo da “prisão”. Ele afirma ainda que o conteúdo foi editado por terceiros sem o seu conhecimento e autorização.

“A Primeira Turma do STF recebeu denúncia por suposto crime de calúnia contra mim por ter feito, antes de meu mandato como senador, uma piada em uma festa junina em um jogo conhecido como ‘corrente’. Um vídeo gravado e editado por terceiros desconhecidos foi feito e divulgado sem meu conhecimento e autorização. O pedido para que os terceiros fossem identificados e ouvidos antes da denúncia não foi atendido. O recebimento da denúncia não envolve análise do mérito da acusação e durante o processo minha defesa demonstrará sua total improcedência”, escreveu Moro nas redes sociais.

Os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia (relatora), Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino votaram pelo acolhimento da denúncia. Na segunda-feira (3/6), a defesa do senador chegou a pedir o adiamento do julgamento, alegando “tempo exíguo”.

Relacionamento complicado

Moro e Gilmar Mendes tiveram um relacionamento complicado nos últimos anos. O ministro é um dos principais críticos da atuação do ex-juiz no comando da operação Lava Jato e, na época das infrações, disse que era o senador quem precisava explicar a venda de penas, já que era acusado do atuação do advogado Rodrigo Tacla Duran.

“Quem tem problema em ser acusado de decisões de venda é o Sergio Moro. Além disso, é uma pessoa que, como vimos, gosta muito de dinheiro. Ele inventou o Alvarez & Marsal no Brasil”, disse em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, em maio de 2023.

Nas redes sociais, Moro respondeu dizendo que o ministro tem uma obsessão por ele. “Lutei contra a corrupção e prendi criminosos que saqueavam a democracia. Não são muitos os que podem dizer o mesmo neste país”, sublinhou.