Deputado federal acusado por Tarcísio de Freitas de ter o apoio do PCC entrou com queixa-crime contra o governador de São Paulo

Deputado federal acusado por Tarcísio de Freitas de ter o apoio do PCC entrou com queixa-crime contra o governador de São Paulo


A defesa de Boulos informou que entrará com novo recurso no Superior Tribunal de Justiça

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A defesa de Boulos informou que entrará com novo recurso no Superior Tribunal de Justiça. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Kassio Nunes Marques determinou a apresentação de uma denúncia-crime movida pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A ação referia-se a uma declaração de Tarcísio de que membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) orientaram o voto em Boulos – na época, ele concorria à prefeitura da capital paulista contra Ricardo Nunes (MDB), que era apoiado pelo governador e venceu a disputa.

Na decisão, Marques afirmou que o TSE não tem prerrogativa de julgar governadores por crimes comuns e eleitorais – o que caberia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Boulos já informou que vai recorrer.

“Nos casos em que esteja em causa a observância da jurisdição por prerrogativa de função, o Texto Maior conferiu ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça a competência para processar e julgar, originariamente, as autoridades expressamente indicadas nos respectivos preceitos , diante da prática de ilícitos penais comuns”, afirmou o ministro do TSE.

“O Tribunal Superior Eleitoral não tem competência originária para processar e julgar acusações relativas a crimes eleitorais, considerando a distribuição de competências jurisdicionais delineada pela Carta de 1988”, diz trecho da decisão.

Na ação, os advogados da campanha de Boulos afirmaram que Tarcísio e o prefeito Ricardo Nunes cometeram os crimes de “abuso de poder político e uso indevido de mídia”. Tarcísio fez a afirmação ao lado de Nunes durante coletiva de imprensa realizada no dia do segundo turno.

A defesa de Boulos informou que entrará com novo recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Já esperávamos que a decisão fosse nesse sentido e que o ministro não entrasse realmente no mérito de ter ocorrido ou não ato ilícito por parte do governador. Por isso já temos um novo procedimento em preparação para o STJ”, explicou o advogado Alexandre Pacheco Martins.

A prefeitura afirmou que “a justiça foi feita”.

“Diante de denúncia infundada apresentada pelo meu adversário, derrotado nas urnas pelo voto popular, foi feita justiça”, diz o comunicado.

Lembrar

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou no final de outubro que há informações de inteligência que indicam que uma facção criminosa da capital paulista orientou o voto em Guilhermes Boulos (PSOL). Ao ser questionado sobre supostas orientações do Primeiro Comando da Capital (PCC) contrárias à campanha da deputada federal Rosana Valle (PL-SP), no litoral paulista, o governador afirmou que “isso aconteceu aqui em São Paulo também, com Ricardo”. “Eles disseram para votar na outra pessoa”, acrescentou.

“Há muito tempo que alertamos para isso, a infiltração do crime organizado na política. Então, fizemos muito trabalho de inteligência, trocamos informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que medidas possam ser tomadas”, continuou Tarcísio.

Segundo o governador, “conversas e instruções emanadas das prisões foram interceptadas por uma facção criminosa, orientando certas pessoas em determinadas áreas a votarem em determinados candidatos”. No entanto, o governador não deu detalhes sobre a origem dessas evidências.