Contas públicas têm superávit de R$ 36,9 bilhões em outubro

Contas públicas têm superávit de R$ 36,9 bilhões em outubro


A dívida bruta é de 78,6% do PIB

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

As contas públicas fecharam o mês de outubro com saldo positivo, resultado total do superávit do governo federal, enquanto os governos regionais e estaduais registraram déficits.

O setor público consolidado – formado pela União, estados, municípios e empresas estatais – registrou superávit primário de R$ 36,883 bilhões no mês passado. O valor é maior que o resultado positivo de R$ 14,798 bilhões registrado no mesmo mês de 2023.

As Estatísticas Fiscais foram divulgadas nesta sexta-feira (29) pelo BC (Banco Central). O déficit primário representa o resultado negativo das contas do setor público (despesas menos receitas), desconsiderando o pagamento de juros da dívida pública.

Segundo o BC, no acumulado do ano, o setor público consolidado registra déficit primário de R$ 56,678 bilhões. Em 12 meses – encerrados em outubro – as contas acumularam um déficit primário de R$ 223,521 bilhões, o que corresponde a 1,95% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país).

No ano passado, as contas públicas fecharam o ano com déficit primário de R$ 249,124 bilhões, 2,29% do PIB. Em outubro passado, a conta do Governo Central (Segurança Social, Banco Central e Tesouro Nacional) teve superávit primário de R$ 39,150 bilhões ante resultado positivo de R$ 19,456 bilhões em outubro de 2023. O valor contribuiu para todo o superávit das contas públicas consolidado.

Os governos estaduais também registraram superávit em outubro, de R$ 1,735 bilhão, ante déficit de R$ 2,409 bilhões em outubro do ano passado. Por outro lado, os governos municipais tiveram resultado negativo de R$ 3,642 bilhões em outubro deste ano. No mesmo mês de 2023, houve déficit de R$ 1,443 bilhão para essas entidades.

Com isso, no total, os governos regionais – estaduais e municipais – tiveram déficit de R$ 1,907 bilhão no mês passado contra resultado negativo de R$ 3,852 bilhões em outubro de 2023. O resultado contribuiu para a redução do superávit consolidado do setor público.

No mesmo sentido, as estatais federais, estaduais e municipais – excluídas dos grupos Petrobras e Eletrobras – também tiveram déficit primário de R$ 360 milhões em outubro, ante déficit de R$ 805 milhões no mesmo mês de 2023.

Despesas de juros

As despesas com juros foram de R$ 111,564 bilhões em outubro deste ano, quase o dobro dos R$ 61,947 bilhões registrados em outubro de 2023. De setembro a outubro de 2024, também houve um aumento significativo; naquele mês, as despesas com juros foram de R$ 46,427 bilhões.

Segundo o BC, não é comum que a conta de juros apresente grandes variações, principalmente negativas, já que os juros são apropriados mensalmente. Porém, neste resultado, estão os efeitos da inflação elevada e das operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que é a venda de dólares no mercado futuro) que, neste caso, contribuíram para a piora dos juros conta em outubro.

Os resultados destas operações são transferidos para o pagamento de juros da dívida pública, como receita quando há ganhos e como despesa quando há perdas. Em outubro de 2023, a conta de swaps teve ganhos de R$ 1,8 bilhão, enquanto no mesmo mês deste ano as perdas chegaram a R$ 30,3 bilhões.

Assim, o resultado nominal das contas públicas – formado pelo resultado primário e pelas despesas com juros – aumentou na comparação interanual. No mês de outubro, o déficit nominal foi de R$ 74,681 bilhões contra o resultado negativo de R$ 47,148 bilhões no mesmo mês de 2023.

Nos 12 meses encerrados em outubro, o setor público acumulou déficit de R$ 1,092 trilhão, ou 9,52% do PIB. O resultado nominal é levado em consideração pelas agências de classificação de risco na análise da dívida de um país, indicador observado pelos investidores.

Dívida pública

A dívida líquida do setor público – saldo entre o total de créditos e dívidas dos governos federal, estaduais e municipais – atingiu R$ 7,133 trilhões em outubro, o que corresponde a 62,1% do PIB. Em setembro, o percentual da dívida líquida em relação ao PIB era de 61,4% (R$ 7,117 trilhões).

No mês passado, a dívida bruta do governo geral – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – atingiu R$ 9,031 trilhões ou 78,6%, um aumento em relação ao mês anterior (R$ 8,928 trilhões ou 78,6%. 2% do PIB). Assim como o resultado nominal, a dívida bruta é utilizada para fazer comparações internacionais.