Ataques russos à rede elétrica ameaçam sobrevivência de ucranianos no inverno

Os ataques com mísseis de longo alcance e drones causaram esta quinta-feira danos em pelo menos 13 regiões da Ucrânia e na capital Kiev, deixando mais de um milhão de pessoas sem eletricidade.

O porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU disse que os ataques massivos levados a cabo pela Rússia levantaram preocupações sobre a situação dos civis, que “enfrentam um inverno de dificuldades e angústia”.

Ataques ameaçam a sobrevivência no inverno

Falando aos jornalistas em Genebra, Jeremy Laurance destacou que à medida que as temperaturas descem abaixo de zero, a eletricidade torna-se “ainda mais crítica para a sobrevivência da população civil”.

Ele disse que estes ataques “recorrentes e sistemáticos”, observados desde março, devem ser investigados e “qualquer pessoa considerada responsável por violações graves deve ser responsabilizada”.

O porta-voz explicou que a campanha militar para danificar ou destruir a infraestrutura energética da Ucrânia, como as instalações de aquecimento durante os meses de inverno, “levanta sérias preocupações sobre o respeito das forças russas pelos princípios fundamentais do direito humanitário internacional”.

Em algumas regiões, os serviços essenciais, incluindo água e transportes, foram interrompidos. Laurance enfatizou que os idosos, as famílias de baixa renda, as pessoas com deficiência e os deslocados internos estão particularmente em risco.

Segurança nuclear em “grande risco”

Devido aos ataques de quinta-feira, as três centrais nucleares que operam na Ucrânia reduziram a sua produção de eletricidade. Para o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Aiea, estes ataques colocam a segurança nuclear em “grande risco”.

Rafael Mariano Grossi afirmou que a infra-estrutura energética da Ucrânia é “extremamente frágil e vulnerável” e apelou à “máxima contenção militar” em zonas com grandes instalações de energia nuclear.

Não houve relatos de danos diretos às centrais nucleares, mas a AIEA foi informada pela Ucrânia de que os ataques afetaram mais uma vez as subestações elétricas que as centrais utilizam para transmitir e receber energia externa.

As equipas da AIEA visitaram sete subestações em Setembro e Outubro para avaliar a situação após os ataques de Agosto, encontrando “danos extensos”.

Sinais alarmantes de escalada

Esta semana, no Conselho de Segurança, o Secretário-Geral Adjunto para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz alertou sobre “sinais alarmantes” de uma escalada na guerra na Ucrânia.

Para Miroslav Jenca, “os últimos desenvolvimentos seguem os já perturbadores relatos de tropas norte-coreanas enviadas para a zona de conflito”

Ele destacou ainda que a cidade ucraniana de Dnipro foi atingida por um míssil balístico russo de alcance intermediário em 21 de novembro, que teria atingido uma área industrial a sudoeste.

Mísseis balísticos

Autoridades ucranianas relataram que o míssil estava equipado com seis ogivas, cada uma com seis submunições. A arma disparada de Astrakhan, na Rússia, levou apenas 15 minutos para percorrer cerca de 1.000 km.

Segundo agências de notícias, horas depois, o presidente russo, Vladimir Putin, confirmou que o país havia testado um novo míssil convencional de alcance intermediário denominado “Oreshnik”.

Ele afirmou ainda que o ataque a Dinipro foi em resposta ao uso pela Ucrânia de mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente.

Jenca sublinhou que as Nações Unidas não têm detalhes adicionais sobre estes incidentes, incluindo o tipo de armas utilizadas. No entanto, ele disse que o uso de mísseis balísticos representa uma ameaça “muito perigosa”.

O Secretário-Geral Adjunto enfatizou que a ONU condena todos os ataques a alvos civis e infra-estruturas críticas, independentemente do sistema de armas utilizado.