Deputados comentam relatório da PF que aponta participação de Bolsonaro em plano de golpe de Estado – Notícias

Deputados comentam relatório da PF que aponta participação de Bolsonaro em plano de golpe de Estado – Notícias


26/11/2024 – 21h26

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Bohn Gass: episódio é o “mais hediondo” da história recente do Brasil

Deputados falaram no Plenário sobre o relatório final da Polícia Federal (PF) que concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atuou no plano de golpe de Estado e que tinha conhecimento de um plano para assassinar o presidente Lula, vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A reportagem foi desclassificada por Moraes nesta terça-feira (26). O ex-presidente nega as acusações.

Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), o plano é o episódio “mais hediondo” da história recente do Brasil. “O relatório da Polícia Federal tem detalhes estarrecedores, que revelam o plano feito com frieza, tão detalhado que incluía emboscadas e até as armas que seriam usadas para matar – alguma coisa do Comando Vermelho, alguma coisa do PCC, alguma coisa da milícia”, ele disse.

Bohn Gass também criticou o fato de os réus terem utilizado recursos públicos para a ação.

O relatório da PF indiciou 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Ao comentar o caso, a deputada Gleisi Hoffman (PT-PR), presidente do PT, destacou que o ex-presidente tinha conhecimento da suposta tentativa de golpe de Estado. “Tem focinho de porco, orelha de porco, rabo de porco e não é porco? Claro que é. Bolsonaro sabia, ele era o grande mentor de todo esse plano”, disse.

Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), houve uma “conspiração astuta, violenta, inconstitucional, criminosa para tentar matar Lula, Alckmin e Moraes”. Segundo ela, não é possível pensar em anistia para esse tipo de atitude, em referência ao Projeto de Lei 2.858/22, que prevê anistia aos envolvidos em atos de vandalismo na sede de Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

O deputado pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), vice-líder do governo, também se disse contra a aprovação da proposta de anistia. “Não podemos cortar atalhos, diminuir a intensidade, e não faz sentido algum a Câmara dos Deputados fechar a cortina e avançar com um projeto de anistia para aqueles que atacaram a própria democracia e, em essência, o próprio Parlamento brasileiro. “

Ele afirmou que a PF está descobrindo e confirmando uma tentativa de golpe contra a democracia.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que as evidências do relatório, com mais de 800 páginas, são robustas. “Hoje é um dia histórico, porque é a primeira sessão plenária depois dessas investigações sobre negociações golpistas, incluindo militares, generais, coronéis, 37 indiciados, incluindo o ex-presidente Bolsonaro”, disse.

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Alberto Neto: o inquérito é uma “cortina de fumaça” para medidas impopulares do Executivo

Oposição
Deputados da oposição rejeitaram o relatório da PF. O deputado capitão Alberto Neto (PL-AM), vice-líder do PL, afirmou que o inquérito policial seria uma “cortina de fumaça” para medidas impopulares do Executivo. “Acreditam que um golpe não aconteceu porque um oficial das forças especiais não conseguiu pegar um táxi, acham que um padre merece ser indiciado porque está conspirando contra a República? Tenham santa paciência”.

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou que a PF está sendo criativa no que classificou como “falsa tentativa de golpe”. “Bolsonaro estava tramando um golpe e depois sofreu um golpe dos golpistas. Ou ele poderia falar sobre a tentativa de golpe que não funcionou porque não havia táxi”, disse.

Para o deputado Luiz Lima (PL-RJ), o relatório se referiria a um possível “crime de pensamento”, sem fundamentos materiais. “Faço um desafio: se o STF, a PF e o governo federal condenassem qualquer brasileiro que desejasse mal a Lula ou a Bolsonaro, metade da população brasileira teria que estar na prisão”.

O deputado David Soares (União-SP) criticou a atuação do STF por não se limitar a ser o guardião da lei. “Um ministro que é acusador, que é acusado, que é vítima, que é juiz, como é isso?” disse ele, referindo-se ao papel de Moraes na investigação.

Reportagem – Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli



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