Na PGR, força-tarefa vai analisar relatório que indiciou Bolsonaro e mais 36

Na PGR, força-tarefa vai analisar relatório que indiciou Bolsonaro e mais 36



O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deverá receber nesta terça-feira, 26, as mais de 800 páginas do relatório final da investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de estado que teria sido organizada por militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento foi enviado na semana passada ao ministro Alexandre de Moraesrelator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), a quem cabe encaminhá-lo ao Gonet.

A quantidade de pessoas envolvidas na investigação e a importância dos cargos que ocupam ou ocuparam também chamam a atenção: são 37 indiciados, entre um ex-presidente, ex-ministros, generais e outros oficiais do Exército. As últimas páginas da história ainda serão escritas e ainda dependem do trabalho da PGR antes de ir a julgamento no STF.

Caberá a Gonet (na foto entre Moraes e o diretor da PF, Andrei Rodrigues) analisar a bagunça e decidir se i) pede novas diligências para complementar o trabalho já realizado pela Polícia Federal; ii) começar a trabalhar na denúncia (se considerar que as provas são suficientes); ou iii) solicitar arquivamento (caso não sejam constatados crimes). Conhecido por seu estilo detalhista e minucioso, o procurador-geral não tem prazo para avançar.

A expectativa é que ele não tenha pressa em apresentar uma possível denúncia contra o acusado. Gonet pode, por exemplo, denunciar os participantes da trama por diversos crimes. O caso deverá ser analisado pela Primeira Turma do STF, formada por Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino – isso garantirá que o andamento do processo não atrapalhe o funcionamento do tribunal, conforme ocorreu em outras grandes provas, como o mensalão do PT. De qualquer forma, há sempre a possibilidade de eventuais recursos levarem o caso ao plenário.

O procurador-geral não estará sozinho na leitura e análise do relatório. Para o trabalho, conta com a ajuda do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA). A equipe é coordenada por Joaquim Cabral da Costa Neto, que além de atuar no grupo é procurador em Garanhuns (PE), coincidentemente cidade onde nasceu o presidente Lula (PT). O petista foi alvo de um dos planos traçados pela PF, que incluía também os assassinatos do vice Geraldo Alckmin (PSB) e de Moraes.

Costa Neto é próximo de Gonet, com quem trabalhou anteriormente no Ministério Público Eleitoral. Na última quinta-feira, quando o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de campo do ex-presidente Bolsonaro, prestou depoimento a Alexandre de Moraes, o procurador compareceu pessoalmente à audiência, na sala de audiências do STF – Gonet também participou, mas por videoconferência. A PGR, na época, manifestou-se a favor da manutenção do apelo de Cid, em parecer que foi acatado por Moraes.

Além de Cabral da Costa, o grupo que analisará o relatório da PF inclui os procuradores Adriana Scordamaglia Fernandes, Catarina Sales Mendes de Carvalho, Cecília Vieira de Melo, Daniel José Mesquita Monteiro Dias, Gabriela Starling, Jorge Vieira de Mello, Lígia Cireno Teobaldo, Leandro Musa de Almeida e Pablo Luz de Beltrand.

O grupo foi o responsável pelas denúncias contra os envolvidos no dia 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do STF. Com base nas acusações formais apresentadas pela PGR, o Supremo já condenou 229 executores e 55 incitadores de atos antidemocráticos.

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Embora os atuais integrantes do grupo tenham sido escolhidos por Gonet, o GCAA foi criado em 11 de janeiro, três dias após os atos, quando o procurador-geral ainda era Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro. O primeiro coordenador da equipe foi o vice-procurador-geral Carlos Frederico Santos, que hoje integra a lista tríplice de integrantes do Ministério Público aspirantes ao cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça.



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