Ó Senado deve votar nesta terça-feira o projeto de lei 914 de 2024, que cria o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e, na versão aprovada pela Câmara, ganhou duas “tartarugas”: a tributação de 20% sobre importações no valor de até 50 dólares e a participação mínima de bens e serviços de empresas brasileiras na exploração de petróleo e gás.
O relator do PL, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), afirmou que está em diálogo sobre o texto com dirigentes do Ministério da Fazenda e do Senado e dará entrevista aos jornalistas às 14h sobre sua opinião.
O Programa Mover, que garante 3,5 bilhões de reais em incentivos às montadoras automotivas para pesquisar e desenvolver tecnologias para carros mais sustentáveis, está em segundo plano desde então, sob pressão de entidades como confederações nacionais da indústria (CNI) e Comércio (CNC), Artur Lira passou a defender a tributação das importações até 50 dólares.
Sobrepondo-se ao debate técnico, o artifício conhecido como “imposto da blusa”, por afetar compras feitas em varejistas chineses como Ela dentro, Comprador Isso é Ali Expresstornou-se mais uma preocupação no Palácio do Planalto devido ao efeito na curva de popularidade de Lula – hoje, apontando para baixo.
Contrariamente à avaliação do Ministro das Finanças, Fernando HaddadÓ Governo Lula passou a lutar pela preservação da faixa de isenção para importações. No final, chegou a acordo com os deputados para uma taxa de imposto de 20%, bem abaixo dos 60% que se aplica à compra de bens importados com custo superior a 50 dólares.
Devido à impopularidade de taxar as compras de “blusas” e “bugigangas”, como define Lula, bancadas como Frente Parlamentar pelo Mercado Livre acreditam na possibilidade de retomada da faixa zero durante a votação no Senado – e entregar o abacaxi de volta às mãos da Câmara.
A instituição da política de conteúdo local no setor de petróleo e gás, por sua vez, passou praticamente despercebida na votação dos destaques (trechos analisados separadamente) na Câmara. Com mais tempo para o Senado analisar o texto, é mais um “jabuti” que merecerá intenso debate.
A seção de contrabando do projeto Mover estabelece percentuais que variam de 20% a 50% dos bens e serviços que, juntos, devem ser oferecidos pelas empresas brasileiras da cadeia produtiva de petróleo e gás natural.
Dirigentes do PSD, Otto Alencar (BA), e a oposição, Rogério Marinho (PL-RN), apresentou alterações para retirar o jabuti do conteúdo local – que, hoje, é definido para cada projeto de exploração pela ANP e CNPE.
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