Com as recentes revelações de que um homem-bomba tinha planos para assassinar o ministro Alexandre de Moraes e quais aliados militares do ex-presidente JairBolsonaro planejaram a execução do magistrado como parte do projeto de golpe de Estado, os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) pretendem suspender por enquanto o trajeto público que fazem para chegar às sessões de julgamento do Tribunal.
Tradicionalmente, alguns deles desembarcam ao pé da escada do tribunal e caminham até entrar na Sala Branca do prédio do STF. São apenas alguns passos, mas o crescente clima de hostilidade contra o Judiciário, disse um ministro a VEJA, sugere que nem mesmo esse curto percurso deve ser feito nos dias de hoje.
Alternativamente, deverão desembarcar na garagem subterrânea do Supremo Tribunal Federal, de acesso restrito, e dirigir-se diretamente ao Plenário, sempre no interior do prédio.
Os ministros nunca tiveram um esquema de segurança tão robusto como o instalado pela Corte desde 2019. Desde a vitória de Jair Bolsonaro, equipes de policiais passaram a fazer incursões antecipadas em palestras e viagens de magistrados, mapeando potenciais hostilidades, em busca de ataques às redes questões sociais e emitir recomendações periódicas diante de todos os tipos de ameaças. Os juízes trocaram voos comerciais por aeronaves da Força Aérea Brasileira, deixaram de frequentar saguões de aeroportos, substituíram academias por treinos em casa e raras aparições em restaurantes.
Como foi o plano para assassinar Alexandre de Moraes?
Segundo a Polícia Federal, um documento intitulado Punhal Verde e Amarelo e produzido pelo general Mário Fernandes traçou considerações sobre o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes com chances de sucesso descritas pelos golpistas como “médias”. cuidando do alto.
No plano para neutralizar supostos dissidentes, Alexandre de Moraes – o “Professor” no vernáculo dos golpistas – seria sequestrado e morto no dia 15 de dezembro de 2022. O planejamento da ofensiva, diz a PF, foi feito na residência do braço direito de Bolsonaro, o então vice-candidato Walter Braga Netto, indiciado ao lado do ex-presidente pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático e organização criminosa.
Foi nesta reunião, concluem os investigadores, que foram identificadas necessidades logísticas e orçamentais para que o grupo de forças especiais do Exército, conhecido como “crianças negras” e do qual Mário Fernandes era comandante, pudesse operacionalizar as ações clandestinas que visavam Moraes. .
O projeto reuniu estudos sobre os trajetos percorridos pelo juiz em São Paulo e em Brasília, a equipe de segurança que o acompanhou, as armas necessárias para o homicídio – desde armas de grosso calibre até explosões e envenenamento em cerimônia pública – e até a contabilidade de baixas aceitáveis na própria equipe dos conspiradores. Por razões ainda desconhecidas, a ofensiva foi abortada.
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