Além de Jair Bolsonaro e de diversos oficiais de alta patente das Forças Armadas, entre os indiciados pela Polícia Federal no relatório final da investigação da tentativa de golpe há personagens curiosos.
Entre eles está um oficial do Exército que comandava o Batalhão de Operações Psicológicas e, no início deste ano, quando foi alvo de uma ação de busca da própria PF, desmaiou na frente dos agentes. O batalhão (na foto em destaque) Ele está ligado à unidade de forças especiais da corporação.
O episódio ocorreu em fevereiro, em Goiânia. O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques de Almeida precisou ser resgatado, mas se recuperou e ajudou nas buscas.
Da lista de indiciados, repleta de militares (são cinco generais, onze coronéis e três majores), destaca-se também um padre católico. Este é José Eduardo de Oliveira e Silva, de uma paróquia da cidade paulista de Osasco. Com mais de 400 mil seguidores nas redes sociais, o padre participou de reunião no Planalto sobre a trama golpista. Bolsonarista, Oliveira e Silva ficou conhecido por suas postagens antifeministas. Em suas missas, ele usava uma bandeira brasileira no altar.
A lista de indiciados também inclui um velho conhecido da Polícia Federal e do Judiciário: Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro. Valdemar foi condenado e preso no escândalo do mensalão do PT, investigado na Operação Lava Jato no âmbito do chamado petrolão e, agora, também faz parte das investigações da tentativa de golpe. É uma espécie de bingo nos casos mais clamorosos da recente crônica político-policial do Brasil.
Outro personagem peculiar da lista é um conhecido influenciador de Bolsonaro, neto de João Figueiredo, presidente da República durante a ditadura. Paulo Figueiredo, que mora nos Estados Unidos, é um crítico ferrenho de Alexandre de Moraes e um fervoroso defensor de Jair Bolsonaro. Ele é economista e foi comentarista da Jovem Pan.
As investigações que resultaram nas 37 acusações duraram quase dois anos e basearam-se em documentos apreendidos em diversas operações realizadas ao longo deste período, quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e telefónico e em informações recolhidas através de acordos de delação premiada.
Veja a lista completa de indiciados e saiba quem é quem:
– Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão da reserva do Exército;
– Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército;
– Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal, delegado da PF e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
– Almir Garnier Santos, almirante, ex-comandante da Marinha;
– Amauri Feres Saad, advogado, apontado como um dos autores do “projeto golpista”;
– Anderson Gustavo Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
– Anderson Lima de Moura, coronel do Exército;
– Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
– Augusto Heleno Ribeiro Pereira, general reformado do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
– Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
– Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro contratado pelo PL para questionar as urnas;
– Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército;
– Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército que serviu no Comando de Operações Terrestres;
– Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, General do Exército, ex-comandante do Comando de Operações Terrestres do Exército;
– Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército;
– Filipe Garcia Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, apontado como um dos chefes do chamado Gabinete do Ódio;
– Fernando Cerimedo, influenciador digital argentino;
– Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército, apontado como integrante da chamada “Abin paralela”;
– Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército, ex-comandante do Batalhão de Operações Psicológicas, ligado às forças especiais;
– Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
– Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
– José Eduardo de Oliveira e Silva, padre católico que participou de reunião no Planalto sobre a trama golpista;
– Laercio Vergilio, coronel reserva do Exército;
– Marcelo Bormevet, policial federal, um dos auxiliares mais próximos de Alexandre Ramagem na Abin;
– Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército que, como assessor de Jair Bolsonaro, se encarregou de coletar informações de inteligência do então presidente;
– Mário Fernandes, general da reserva do Exército e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência da República e apontado como autor do plano de assassinato de Lula, Geraldo Alckmin;
– Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de campo de Jair Bolsonaro;
– Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército;
– Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, influenciador digital, neto de João Figueiredo, presidente do Brasil durante a ditadura;
– Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, general, ex-comandante do Exército;
– Rafael Martins de Oliveira, major, vinculado ao Comando de Operações Especiais do Exército;
– Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército;
– Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército;
– Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro, ligado ao Gabinete do Ódio;
– Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro;
– Walter Souza Braga Netto, general do Exército, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022;
– Wladimir Matos Soares, policial federal, também identificado como participante do plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
O relatório final à PF foi apresentado ao ministro Alexandre de Moraes, que deverá então encaminhá-lo ao procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco. Com base nas informações, Gonet decidirá se apresenta queixa formal ao STF contra os envolvidos.
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