Ambientado cerca de 10.000 anos antes dos eventos do filme Duna 1 e 2, de Denis Villeneuve, a série Duna: A Profeciaque acaba de estrear no MAX, conta a história da ascensão da irmandade Bene Gesserit e como eles se tornaram influentes no Império por milhares de anos. Com o mesmo visual primoroso dos cinemas, a série mostrará como as mulheres trabalhavam nos bastidores do poder para afirmar sua força em um mundo futurista, mas regido por regras feudais. Uma dessas personagens é a Imperatriz Natalya, interpretada pela atriz Indira Varma. A atriz conversou com VEJA sobre como foi interpretar esse papel e a influência da imperatriz na corte do imperador Corrino. Confira abaixo os melhores trechos:
Como você vê o papel da Imperatriz Natalya? Ela está em um casamento que acabou, sentindo-se frustrada e impotente. Ela é uma personagem fascinante porque, de certa forma, está descobrindo sua voz e como pode jogar as pessoas umas contra as outras para atingir seu objetivo. Mas ela faz isso de forma muito sutil. Como atriz, foi um desafio emocionante. Ela é uma personagem complexa, não necessariamente simpática. O que eu realmente gosto. Foi interessante descobrir as nuances sutis sobre como ela conseguiu chegar a uma posição de influência.
Antes de ler o roteiro, você já conhecia a saga Duna? Obviamente, eu já tinha visto o filme de David Lynch quando criança e também os mais recentes. Sou um grande fã de Lynch. Para mim foi interessante descobrir este universo de uma perspetiva completamente diferente, a das mulheres que habitam esse mundo.
Em um trecho do primeiro episódio, sua personagem está conversando com a filha, antes do casamento arranjado, e diz que, se ela governasse, permitiria que a menina se casasse com quem ela quisesse. A resposta da filha é: “Eu também sei negociar”. Como foi estabelecer essa relação entre esses dois personagens? Eu amo essa cena. É um retrato ousado e pouco convencional da maternidade. É uma imperatriz tentando ensinar uma princesa a se fortalecer, a governar e a usar o poder. Há algo bastante shakespeariano entre eles naquela cena. A maneira como ela ajuda a filha a vestir o vestido de noiva sugere que ela está preparando a menina para a guerra. É uma conversa interessante entre duas gerações de mulheres que têm perspectivas completamente diferentes.
A série habita o mesmo universo já criado por Denis Villeneuve em Duna 1 e 2. Você sentiu que a irmandade Bene Gesserit precisava ser mais explorada nos filmes? Eu amo que essa irmandade seja misteriosa. Quando li o roteiro pela primeira vez, imediatamente quis ir mais fundo e descobrir aquele mundo. Não acho que os fãs precisem saber nada além do que já está aí.
O universo de Duna é complexo, feito de traições e alianças. Que surpresas a série nos espera? Não quero dar spoilers, mas acho que a Imperatriz Natalya vai nos surpreender bastante. Adoro interpretar personagens que são moralmente ambíguos. É divertido interpretar uma personagem que desafia os preconceitos ou ideias preconcebidas das pessoas, especialmente sendo mulher. É um universo fascinante de desvendar porque todos os relacionamentos, na verdade, são incrivelmente complexos.
Você acredita que, de alguma forma, os problemas políticos apresentados na série repercutem em nossa sociedade? Acho que a série é muito fiel ao espírito dos livros de Frank Herbert, então me parece que nos faz refletir sobre o que realmente estamos fazendo com o meio ambiente, a escassez de recursos e, claro, na década de 1960, ele tendo se questionado sobre a inteligência artificial expressando essa apreensão de uma ruptura social que ela poderia causar. Tudo isso parece mais relevante hoje do que nunca.
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